Na capital pernambucana, o prefeito Geraldo Júlio, “criou” o
programa Academia Recife. Na verdade, ele deu uma nova roupagem ao programa criado pelos governos petistas chamado de Academia da Cidade. Esse
programa, embora não tenha merecido o valor devido pela imprensa brasileira, foi
amplamente utilizado por usuários de cidades administradas por prefeitos
petistas e copiado por outros governos. Até hoje, nas Academias da Cidade que
ainda não foram trocadas as pinturas [o vermelho do PT pelo azul do PSB], cor do partido do prefeito atual do Recife, ainda é possível identificar qual o partido
que foi o precursor desse movimento de academias públicas ao ar livre.
Trago esse fato para exemplificar a diferença entre projetos
inovadores criados por gestores públicos e projetos, meramente, de atualização
ou modernização do que já existe.
O prefeito Haddad, no Programa Braços Abertos, inovou.
Ele trouxe uma nova maneira de solucionar um problema social que aflige a maioria
das cidades no mundo. É isso que faz uma administração tomar gosto em meio à
população. Haddad pode, com essa medida, está assinando a marca de seu governo: acabar com a cracolândia sem ser necessário usar o braço repressor da polícia.
O projeto Braços Abertos, do governo da cidade de São Paulo,
que trata dos usuários de crack, na chamada cracolândia, vai oferecer moradia
em hotéis do centro da capital, trabalho, renda,
atendimento básico de saúde, formação profissional e um constante
acompanhamento com assistentes sociais para promover a reinserção social,
inclusive, para restabelecer os laços familiares dessas pessoas.
Tudo isso pode ser resumidamente chamado de cidadania. O que Haddad está oferecendo a essas pessoas é o resgate da cidadania há muito perdida.
É claro que uma medida como esta, traz a tona o pessimismo
dos chamados “especialistas”. Principalmente os da mídia e da oposição. Todo o processo inicia-se hoje, mas os críticos já começaram a reproduzir seus pareceres e análises
sobre a “ineficácia” do programa.
A imprensa brasileira é daquelas que ouve mil especialistas
sobre o assunto. Se apenas um for contra, será essa a opinião que será
divulgada.
Setores da elite brasileira, por sua vez, nunca aceita que o dinheiro
público seja empregado em programas que atendam aos pobres. Pra uma parcela dos
barões desse país, a chamada Massa Cheirosa, dinheiro público deve ser
investido na classe dominante, que detém os meios de produção.
Haddad pelo que parece, ignorando o ceticismo do grupo dos contra, inova mais uma vez a política ao trazer um projeto
que mexe com a sociedade, quebrando paradigmas enraizados há décadas.
É claro que nem todos os mais de 300 beneficiários do
programa vão conseguir abandonar o vício das drogas. O próprio programa alerta
que “não pretende acabar com o vício”. Mas, certamente, muitos desses usuários
terão de volta a dignidade perdida. O que faz o homem mudar pra melhor são as
condições que a sociedade lhes oferece.
Casa, comida e emprego, é o básico que o Estado
deve dar a sua população. Afinal, os pobres da cracolândia espalhados por esse país, assim como os ricaços
de Copacabana, da Vieira Solto, Boa Viagem ou Higienópolis, também sentem fome e
sede, têm vaidades e sonhos.
Portanto, ao invés de ficar jogando pedras no projeto do
Haddad, simplesmente porque é do PT, abrace-o.
Encoraje a prefeitura de São
Paulo a ir em frente, buscar parcerias com o comércio e indústria local, que
possam empregar parte desse contingente de seres humanos que estão vivendo
abaixo do nível tolerável de sobrevivência.
Que os prefeitos de todo Brasil descubra, com essa
iniciativa de Haddad, a importância de ousar. Não vale apenas mudar a cor dos
bancos de uma praça ou dos equipamentos de uma academia pública de ginástica.
O administrador municipal que o povo brasileiro quer e
precisa é aquele que não tem medo de inovar na política.
É isso!
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