Embora saibamos ser natural, que todos nós teremos que
passar um dia, mas, a morte sempre nos surpreende.
Ela chega sorrateira, nos dando um
único motivo, nos dando os mais insignificantes motivos, para levar aqueles que
amamos.
Não importa qual seja a forma ou o que podemos fazer para impedir, ela os leva e deixa um rastro de dor e
desesperança.
Após muitos anos, tinha esquecido do sentimento que paira os
velórios. A penumbra que envolve esse lugar.
Aquela sombria sensação de perda e de certeza do quanto
todos nós somos mortais. Hoje relembrei, infelizmente, aquele cenário sombrio e
silencioso. Um lugar onde, mesmo em meio a uma multidão, sentimos uma solidão inexplicável. Mas, com certeza, um poço de aprendizagem e de reflexão.
É possível tirar lições edificadoras em um velório? Claro
que sim.
É lá que percebemos o quanto somos iguais e ao mesmo tempo, o quanto “não
somos ninguém!"
O quanto a vida vale tanto e num instante, não vale coisa alguma!
Um local, em que não importa se o anfitrião é rico ou pobre,
negro ou branco, homem ou mulher... Ele
vai está ali sem poder dizer absolutamente nada. Indiferente aos gritos e gemidos
que vez em quando são sussurrados pela sala.
Um lugar propício pra se pensar sobre a vida vivida e o fim dela.
É
impossível não se perguntar: quando será minha vez? O que tenho realizado para
o tão inesperado e decepcionante encontro?
Tantos que se vêm melhores que os outros. Pobres soberbos! Há tanto o que aprender num velório.
Um lugar onde as lágrimas são derramadas e a alma fica nua.
É lá que as máscaras caem e não há maquiagem no mundo que
esconda o rosto inchado, por horas de planto derramado.
A tristeza é melhor do que o riso, porque o rosto triste melhora o coração. Eclesiástes 7:3
No fim de tudo, fica o luto para os mais próximos.
Que dor!
Procurar o ente querido entre os vivos e não mais tê-lo.
Só quem passou é quem sabe. Só um coração contrito sabe a
dor de um filho pela mãe ou pelo pai. Só quem experimentou o amor e a dor da
perda pode se colocar no lugar dos que, verdadeiramente, sofrem num velório.
Um lugar onde não há espaço para encenação. Tudo é muito
real e dolorido.
Um lugar onde as pessoas deveriam comparecer, de vez em quando.
Hoje, mais uma vez a vida ensinou, por meio da morte, conceitos que só num velório se consegue enxergar.
Nossa! Como somos frágeis!
E o quanto precisamos aprender mais com a vida e com a morte.
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