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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Tardia confissão da "grobu"

















A "grobu", após 50 anos, reconheceu que errou ao apoiar o golpe de 64. Um dos períodos mais sangrentos da história do nosso país, a ditadura militar apoiada pela grobu e suas co-irmãs, estadão e folha de SP, deixou cicatrizes e uma história de dor que jamais será esquecida. Muitos brasileiros foram torturados, perseguidos, expulsos do país e até mesmo assassinados.

Mas, o que levou uma empresa de comunicação como a grobu,  que supostamente tem como objetivo básico em sua formação a divulgação da verdade, apoiar um movimento antidemocrático, ao qual desencadeou o sofrimento de milhares de famílias brasileiras e que manchou nosso país para sempre?

Permitam-me fazer algumas alegações sobre essa questão:

– o golpe foi financiado pelos EUA e a grobu nunca se viu brasileira. Sempre houve um alinhamento entre os barões da imprensa desse país, com o governo, a cultura, o estilo de vida e os sonhos americanos. Transformar o Brasil numa nova américa, esse ainda é o sonho de muitos deles.

– muitas empresas de comunicação foram fechadas, na época, acusadas de conspirarem contra o regime militar. Os barões da imprensa, ou dançavam conforme a música dos militares ou iriam pra "Ponta da Praia"(?).

– enquanto a imprensa brasileira se vê como um partido político, a grobu materializa-se como sendo o próprio governo.

– as vantagens financeiras  que a aproximação com os militares trouxe a grobu foram enormes. 

O golpe de 64 colocou a grobu no lugar de destaque, com o patrimônio multiplicado por uns milhares de dígitos. Eles perceberam que o grande “negócio” para o sucesso era, sem sombra de dúvidas, se manterem bem próximos dos governantes, fossem eles militares ou democráticos. Desde que pudessem governar juntos.

Mas, o que dizer aos torturados e familiares dos falecidos, vítimas do regime excludente, desumano e sanguinário? Um regime que durou vinte e um anos de tortura e que a grobu precisou, somente agora, se confessar do erro cometido.

Não basta apenas se desculpar. A grobu, assim como as demais apoiadoras do regime de exceção, deveriam estar no banco dos réus. Não há nada que elas confessem que não seja do nosso conhecimento.

Sabemos, por exemplo, que muitos dos “formadores de opinião” que, ainda hoje, tem manchado a democracia com seus textos falaciosos, preconceituosos e tendenciosos, são os mesmos daquela época de chumbo. Eram os mesmos, escravizados dos barões da imprensa, que divulgavam informes mascarando o golpe, transformando-o em “revolução social”. Os chamados “lustra-botas” de generais, viviam em condições privilegiadas. Muito diferente dos milhares de brasileiros colocados em “pau-de-arara”, e lá muitos deles entregaram o pescoço de seus pares por não suportar a tortura.  

Essa imprensa, que hoje se levanta e declara que errou, foi também responsável pela perseguição e morte de muitos dos nossos irmãos brasileiros.

O mais surpreendente em ver a grobu confessar seu erro (não a culpa), é não esperar nenhuma mudança na postura da Organização daqui pra frente. Ela continuará se portando como um partido político, escondendo as mazelas cometidas pelos seus protegidos, criando invencionices contra opositores, influenciando os demais veículos no seu projeto de poder e continuará escravizando seus articulistas na (hoje) impossível missão de manipular a opinião pública.

Para grobu vale a máxima: uma vez golpista, sempre golpista.

Ela não mais nos surpreende. 


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