Em meio à repercussão que teve a fala do presidente Lula, o
título até poderia ser: mil homens e mil frases. É sempre assim, o peso das
palavras do Lula da Silva sacode as estruturas do país. Sempre muito sereno e consciente
do que fala, o presidente Lula da Silva, a maior expressão política viva atualmente no
país, na América Latina e uma das maiores do mundo, após meses sem comentar o
julgamento do Mensalão, aguardando que esse fosse concluído, agora resolveu
expressar sua opinião.
“O julgamento do Mensalão foi 80% político e 20%
jurídico" (Lula da Silva)
A maioria de nós sabia que o julgamento tinha sido político e midiático,
não sabíamos mensurar o quanto. A opinião de Lula vai, justamente, ao encontro daquilo que dizíamos
desde o início do julgamento. O Supremo, imbuído pelo apoio de setores da
imprensa brasileira, executou um julgamento de exceção para pegar, de forma sorrateira,
políticos petistas.
No decorrer do julgamento, após sua conclusão e no momento
atual ainda, foram (são) vistos erros claros de desrespeito aos direitos individuais
dos condenados. Qualquer advogado ou jurista, ainda que tenha pouca formação ou experiência
e que tenha um mínimo de caráter, testificará a violação da Constituição
Brasileira nesse julgamento.
Sobre o assunto escrevi em 14/11/2013: “O Mensalão, com o tempo, será visto como um
verdadeiro fiasco da área jurídica, no mundo. Os autores de livros que
inflamaram ainda mais o caso com suas teses mirabolantes, assim como aqueles
que cobriram de confetes os prefácios desses livros, serão motivo de piada no
meio literário e jurídico”.
Pelo jeito, parece que a frase de Lula será o início do processo
de desmascarar a grande farsa. Um divisor de águas sobre um dos maiores erros da justiça desse país. Já estava em tempo de rediscutir esse erro, para o bem da sociedade e da nossa democracia.
“No julgamento eram só três ministros não indicados por ele”. (Marco Aurélio Melo)
A frase do ministro traz algo intrínseco, não muito
claro, que é motivo de grande preocupação no Brasil. É o chamado aparelhamento
público. É como se o ministro Marco Aurélio dissesse que "os ministros escolhidos
por Lula é quem deveriam absolver os réus do Mensalão".
O próprio Marco Aurélio foi indicado pelo seu primo, na
época o presidente Collor de Melo. O que se deve questionar é: até onde o
Supremo tem tomado suas decisões a partir da Constituição Federal?
Outro ponto que precisa ser analisado é essa insistência dos
Ministros do STF, como o próprio Marco Aurélio Melo, Gilmar Mendes e Joaquim
Barbosa, em explicar um julgamento já concluído. Passa a impressão de que algo
muito errado foi cometido lá atrás. Dá ideia de que, nem eles mesmos estão seguros da decisão que tomaram. Que esse teria sido um julgamento para os anais da mídia.
“(STF) É esteio da democracia brasileira. Não podemos
respeitar o Poder Judiciário quando ele toma decisões que são favoráveis e
desrespeitá-lo quando ele toma decisões que não nos são favoráveis" (Aécio Neves).
É fácil para o presidente do psdb falar isso. Afinal, o
Supremo não tem julgado tucanos. É lógico que o aécio e o fhc, juntamente com
os “colunistas” da imprensa burguesa, irão criticar o Lula por jogar dúvidas
(?) no processo de julgamento do Mensalão, eles estão sendo [sempre] beneficiados pelo Supremo!
Num país onde as pessoas são julgadas dependendo da cor da
pele, da classe social, da conta bancária, do partido que está filiado, do seu endereço; onde, em
processos iguais, são tomadas decisões diferentes, no mesmo ambiente jurídico; um país onde o Supremo, que
deveria dar exemplo às estâncias de justiça inferiores, faz uma lambança dessas,
infelizmente, não dá para acreditar na nossa justiça.
Os erros desse julgamento fragilizaram a democracia brasileira.
Vai levar tempo para consertar o prejuízo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário