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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Uma bela resposta a Aécio e a imprensa brasileira.

Em 13/08/2012, Aécio Neves em artigo na Folha de SP, atacou a gestão da Petrobras ferozmente. No artigo PTBRAS (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/60483-ptbras.shtml), o senador não poupou críticas aos governos Dilma e Lula, acusando-os [entre outras coisas] de ter privatizado a companhia. O mais interessante, muito mais que o esquecimento do senador, sobre a gestão da Petrobras nos governos tucanos, foi a resposta que um petroleiro deu ao senador. Claro que, na época, o artigo do petroleiro não teve repercussão na Folha de SP nem foi alvo de comentário no JN. Vale a pena lembrar! O assunto está atualíssimo e tirando a defasagem do tempo, a resposta dada ao Aécio em 2012 ainda serve hoje.


Resposta de um petroleiro ao artigo PTbras de Aécio Neves.
13/08/2012 - Emanuel Cancella

O senador mineiro Aécio Neves anuncia em seu texto publicado na Folha desta segunda (13): “Nunca antes na história deste país, a mais importante empresa brasileira serviu tanto aos interesses do governo e de um partido. O petismo praticamente "privatizou" a Petrobras, colocando em segundo plano os interesses da empresa e do Brasil.”

Meu caro ex-governador de Minas Gerais, se tem uma coisa que o Brasil e os brasileiros não podem se esquecer é da gestão do PSDB na Petrobras. Vocês, os tucanos, no governo FHC, acabaram com o monopólio estatal do petróleo e tentaram privatizar a companhia. Foram derrotados pela greve mais longa e dura que a categoria petroleira travou em defesa da maior e mais importante estatal brasileira. A gestão tucana ainda tentou mudar o nome da empresa para Petrobrax, novo fiasco. Não satisfeito, o governo FHC fatiou a empresa em unidades de negócios para possibilitar vendê-la em pedaços.

Na indústria naval, os tucanos, alegando menor custo financeiro, em detrimento do custo social, construíram navios, plataformas e sondas no estrangeiro, sucateando nossa indústria local, até então a maior de nosso continente, e ainda acabando com postos de trabalho no Brasil, criando-os no exterior.

O PSDB também interferiu nos concursos públicos na empresa, debilitando os quadros técnicos da companhia. Criaram uma lei, a  Repetro, que zerava os impostos dos equipamentos importados para o setor de petróleo, o que inviabilizou a indústria nacional no setor.

A famigerada Lei 9478/97 é de autoria de FHC que, dentre outras coisas, criou os leilões de petróleo, conhecido também como a “venda do bilhete premiado”. Lula criou um novo marco regulatório exclusivamente para o pré-sal. Não é aquilo que esperávamos para o setor, mas o entreguismo exacerbado de nosso petróleo praticado no governo FHC foi barrado. Principalmente nos leilões de FHC, quando a propriedade do hidrocarboneto depois de extraído pertencia a quem o produzisse; na lei de Lula, todo petróleo pertence à União.

Se dependesse de vocês, os tucanos, a descoberta do pré-sal seria comemorada em alguma cidade americana ou europeia. Meu caro Aécio, foi no governo do PT, com Lula na presidência, que afastou o fantasma da privatização da Petrobras. Lula nacionalizou a indústria naval, inclusive criando a obrigatoriedade do componente nacional. Lula retomou os concursos na Petrobras. Não foi o PT e Lula que descobriram o pré-sal, mas foi à gestão petista que se retomou o projeto de mais de trinta anos, engavetado, o que possibilitou a sua descoberta.

Os tucanos, muito provavelmente, vislumbravam para o pré-sal o mesmo destino que deram a outros setores estratégicos da nossa economia, como nas teles, nos minérios e na siderurgia, que foram transferidos para a iniciativa privada, grande parte estrangeira. Com o petróleo não seria diferente.

Não existe crise na Petrobras, aliás a estatal financia 50% do PAC, nenhuma das empresas privatizadas por FHC tem presença forte no financiamento de nossa economia. A Petrobras é quem mais financia o esporte olímpico brasileiro, investe mais de 80% de seu faturamento no Brasil, enquanto as multinacionais, principalmente as privatizadas, remetem grande parte de seus lucros para a sede de suas matrizes no estrangeiro.

Contudo, precisamos rever algumas questões. Por exemplo, a Petrobras vende a gasolina a pouco mais de um real na porta da refinaria, vendida nas bombas a mais de R$ 2,60.  Essa diferença, cerca de R$1,60, cobre os impostos (municipais, estaduais e da União), como também o lucro do posto  de distribuição, que gira em torno de 7%, nenhuma aplicação financeira dá esse retorno e isso só acontece no Brasil.

Não podemos aceitar a sua tese de repassar para os derivados de petróleo (gás/gasolina/diesel) a variação do preço internacional para a conta do consumidor brasileiro. Aumentar os preços dos derivados só agrada aos acionistas, aliás, 40% das ações da empresa estão no estrangeiro, obra do governo tucano que pulverizou suas ações.

A “crise” tem de servir também para revermos a questão da mobilidade urbana, já que cerca de metade de um salário mínimo é gasto por mês no transporte para ir e vir para o trabalho. Aumentar o subsídio do diesel vai diminuir o peso das passagens para o trabalhador de baixa renda. Na visão social, temos ainda que aumentar o subsídio do gás de cozinha, haja vista que, segundo pesquisas, muitas famílias pobres estão substituindo o gás pela lenha e o carvão, devido ao preço do produto.

O que mais chama atenção no texto de Aécio Neves, um dos principais líderes do tucanato, é a coerência: em nenhum momento é levantada a importância da Petrobras, a defesa do consumidor brasileiro e o equilíbrio fiscal do país. O que os tucanos estão preocupados é com os lucros dos investidores, principalmente os estrangeiros, aqueles que eles incluíram com a pulverização das ações a preços aviltados! 

O governo do PT pode não ser o governo dos sonhos dos trabalhadores, mas o PSDB não tem moral nenhuma para falar nada!

* Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ.

http://www.apn.org.br/w3/index.php/reservas-estrategicas/39-leiloes/4815-resposta-de-um-petroleiro-ao-artigo-ptbras-de-ao-neves

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