Em 13/08/2012, Aécio Neves em artigo na Folha de SP, atacou a gestão da Petrobras ferozmente. No artigo PTBRAS (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/60483-ptbras.shtml), o senador não poupou críticas aos governos Dilma e Lula, acusando-os [entre outras coisas] de ter privatizado a companhia. O mais interessante, muito mais que o esquecimento do senador, sobre a gestão da Petrobras nos governos tucanos, foi a resposta que um petroleiro deu ao senador. Claro que, na época, o artigo do petroleiro não teve repercussão na Folha de SP nem foi alvo de comentário no JN. Vale a pena lembrar! O assunto está atualíssimo e tirando a defasagem do tempo, a resposta dada ao Aécio em 2012 ainda serve hoje.
Resposta de um petroleiro ao artigo PTbras de Aécio Neves.
13/08/2012 - Emanuel Cancella
O senador mineiro Aécio Neves anuncia em seu texto
publicado na Folha desta segunda (13): “Nunca antes na história deste
país, a mais importante empresa brasileira serviu tanto aos interesses do
governo e de um partido. O petismo praticamente "privatizou" a
Petrobras, colocando em segundo plano os interesses da empresa e do
Brasil.”
Meu caro ex-governador de Minas Gerais,
se tem uma coisa que o Brasil e os brasileiros não podem se esquecer é
da gestão do PSDB na Petrobras. Vocês, os tucanos, no governo FHC,
acabaram com o monopólio estatal do petróleo e tentaram privatizar a
companhia. Foram derrotados pela greve mais longa e dura que a categoria
petroleira travou em defesa da maior e mais importante estatal
brasileira. A gestão tucana ainda tentou mudar o nome da empresa para
Petrobrax, novo fiasco. Não satisfeito, o governo FHC fatiou a empresa
em unidades de negócios para possibilitar vendê-la em pedaços.
Na
indústria naval, os tucanos, alegando menor custo financeiro, em
detrimento do custo social, construíram navios, plataformas e sondas no
estrangeiro, sucateando nossa indústria local, até então a maior de
nosso continente, e ainda acabando com postos de trabalho no Brasil,
criando-os no exterior.
O PSDB também interferiu
nos concursos públicos na empresa, debilitando os quadros técnicos da
companhia. Criaram uma lei, a Repetro, que zerava os impostos dos
equipamentos importados para o setor de petróleo, o que inviabilizou a
indústria nacional no setor.
A famigerada Lei
9478/97 é de autoria de FHC que, dentre outras coisas, criou os leilões
de petróleo, conhecido também como a “venda do bilhete premiado”.
Lula criou um novo marco regulatório exclusivamente para o pré-sal. Não é
aquilo que esperávamos para o setor, mas o entreguismo exacerbado de
nosso petróleo praticado no governo FHC foi barrado. Principalmente nos
leilões de FHC, quando a propriedade do hidrocarboneto depois de
extraído pertencia a quem o produzisse; na lei de Lula, todo petróleo
pertence à União.
Se dependesse de vocês, os
tucanos, a descoberta do pré-sal seria comemorada em alguma cidade
americana ou europeia. Meu caro Aécio, foi no governo do PT, com Lula na
presidência, que afastou o fantasma da privatização da Petrobras.
Lula nacionalizou a indústria naval, inclusive criando a obrigatoriedade
do componente nacional. Lula retomou os concursos na Petrobras. Não foi
o PT e Lula que descobriram o pré-sal, mas foi à gestão petista que se
retomou o projeto de mais de trinta anos, engavetado, o que
possibilitou a sua descoberta.
Os tucanos, muito
provavelmente, vislumbravam para o pré-sal o mesmo destino que deram a
outros setores estratégicos da nossa economia, como nas teles, nos
minérios e na siderurgia, que foram transferidos para a iniciativa
privada, grande parte estrangeira. Com o petróleo não seria diferente.
Não
existe crise na Petrobras, aliás a estatal financia 50% do PAC, nenhuma
das empresas privatizadas por FHC tem presença forte no financiamento
de nossa economia. A Petrobras é quem mais financia o esporte olímpico
brasileiro, investe mais de 80% de seu faturamento no Brasil, enquanto
as multinacionais, principalmente as privatizadas, remetem grande parte
de seus lucros para a sede de suas matrizes no estrangeiro.
Contudo,
precisamos rever algumas questões. Por exemplo, a Petrobras vende a
gasolina a pouco mais de um real na porta da refinaria, vendida nas bombas a mais de R$ 2,60. Essa diferença, cerca de R$1,60, cobre os
impostos (municipais, estaduais e da União), como também o lucro do
posto de distribuição, que gira em torno de 7%, nenhuma aplicação
financeira dá esse retorno e isso só acontece no Brasil.
Não
podemos aceitar a sua tese de repassar para os derivados de petróleo
(gás/gasolina/diesel) a variação do preço internacional para a conta do
consumidor brasileiro. Aumentar os preços dos derivados só agrada aos
acionistas, aliás, 40% das ações da empresa estão no estrangeiro, obra
do governo tucano que pulverizou suas ações.
A
“crise” tem de servir também para revermos a questão da mobilidade
urbana, já que cerca de metade de um salário mínimo é gasto por mês no
transporte para ir e vir para o trabalho. Aumentar o subsídio do diesel
vai diminuir o peso das passagens para o trabalhador de baixa renda. Na
visão social, temos ainda que aumentar o subsídio do gás de cozinha,
haja vista que, segundo pesquisas, muitas famílias pobres estão
substituindo o gás pela lenha e o carvão, devido ao preço do produto.
O
que mais chama atenção no texto de Aécio Neves, um dos principais
líderes do tucanato, é a coerência: em nenhum momento é levantada a
importância da Petrobras, a defesa do consumidor brasileiro e o
equilíbrio fiscal do país. O que os tucanos estão preocupados é com os
lucros dos investidores, principalmente os estrangeiros, aqueles que
eles incluíram com a pulverização das ações a preços aviltados!
O
governo do PT pode não ser o governo dos sonhos dos trabalhadores, mas o
PSDB não tem moral nenhuma para falar nada!
* Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ.
http://www.apn.org.br/w3/index.php/reservas-estrategicas/39-leiloes/4815-resposta-de-um-petroleiro-ao-artigo-ptbras-de-ao-neves
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