Uma parte de mim se viu correndo, com aquele cidadão negro, para não ser morto por carla zambelli, ontem em São Paulo.
Sentir o fel na boca, temendo que seria aquele, meu fim!
Me enxerguei sem saída, pedindo socorro a quem pudesse me ajudar, pra não ser assassinado.
"Chamem a polícia", gritava eu na minha agonia.
Ainda bem que era dia e havia outras pessoas nas ruas, filmando, querendo entender o meu drama, de querer viver.
"Por que a deputada quer matar esse homem?" Muitos, ao ver as cenas pela primeira vez, se perguntaram.
"Ele a roubou?" Um negro correndo, com brancos perseguindo-o, numa sociedade racista, é o que muita gente pensa de imediato.
Pra surpresa de muitos, após se inteirar do caso, descobre-se que o negro, a mulher, o nordestino, o pobre, o favelado, o homossexual, o morador do morro, o esquerdista, esse que corre na frente para não ser assassinado, é justamente o cidadão.
Os bandidos são os que estão correndo atrás dele, armados e cheios de ódio. Entre eles, a deputada federal extremista de direita, carla zambelli, a "te amo espanhola".
Que sorte a minha(!), imagina se fosse noite, eu e eles a sós discutindo política? Com a zambelli disposta a matar quem pensa diferente dela. Correndo atrás, armada com sua pistola, disposta a tirar a vida dos que encontrasse na escuridão da noite e que ousasse defender o oposto do que ela, o bob jefferson, o malafaia, os "sertanojos", o neymar, a damares, algumas lideranças "religiosas", o presidente miliciano e genocida e tantos outros "Qristãos", "patriotas" e "cidadãos de bem", defensores do extermínio dos que não os apoiam.
Ontem me vi na mira da arma da zambelli. Hoje me percebo mais forte do que ontem. É da nossa natureza, a gente transformar dor e medo em força e coragem.
Hoje e desde sempre.
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