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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A amnésia da MPB



Foi-se o tempo dos grandes festivais, da ansiedade pelo novo trabalho do Djavan ou da Beth Carvalho, das discussões sobre quem era o melhor entre o Milton Nascimento e Caetano Veloso, das críticas ao novo sucesso desse ou daquele monstro da MPB.

O friozinho na barriga ao ouvir a música “carro chefe” do LP do Fagner ou da Gal Costa.

Que saudade da Elis, do Maluco Beleza, do Tim e tantos outros ídolos da nossa música. Que saudade do novo trabalho do Luiz Gonzaga, nas vésperas do São João. 

As rádios principalmente, têm culpa pelo o que aconteceu com nossa música. Não se ouvi mais clássicos memoráveis, como Carinhoso, Flor de Liz, Roda Viva, Travessia, Águas de Março.

Lembro-me quando Maria Bethania passou a tocar na FM. Foi um acontecimento inesquecível! Seus fãs, cheios de orgulho, propagavam a notícia com uma alegria contagiante no rosto. Cantar na FM, naquela época, era pra poucos. Bethania, ao ser agraciada com essa honraria, passou a fazer parte de um seleto grupo de artistas que nos enchiam de satisfação.

Deitar com o rádio colado ao ouvido e aguarda o locutor apresentar: "a seguir três músicas sem intervalos, do Gilberto Gil". Ou seria do Alceu Valença, do Emílio Santiago, do Toquinhos.

No festival de 1985, Tetê Espíndola, nos deixou sem voz ao cantar Escrito nas Estrelas.

“Caso do acaso
Bem marcado em cartas de tarôt
Meu amor, esse amor
De cartas claras sobre a mesa
É assim
Signo do destino
Que surpresa ele nos preparou
Meu amor, nosso amor
Estava escrito nas estrelas
Tava, sim”

Eram outros tempos.

Hoje nas rádios, a MBP passou a ser música indesejável! Não há mais espaço para sucessos como “bate outra vez, com esperanças o meu coração” ou “meu coração, não sei por que, bate feliz quando te ver...” Se Cartola e Pixinguinha, fossem vivos, certamente estariam decepcionados com o nível ao qual chegou a música que se ouvi nos rádios hoje.

A idade avançada de nossos grandes cantores compositores, diminuiu a capacidade de criação. É notada a ausência dos “monstros” da música no cenário artístico. Embora muitos deles estejam em atividade fazendo shows, sente-se a falta de novos lançamentos. 

Roberto Carlos, por exemplo, tem gravado a regravação do que já foi regravado por ele mesmo. E muitos outros artistas brasileiros têm dado novas roupagens a hits que fizeram sucesso no passado.


Os novos cantores, com raríssima exceção, não acompanharam os “monstros” da MPB. Vez em quando se ouvi novos sucessos compostos por Frejat, Seu Jorge ou poucos outros.

Mas, qualquer sucesso que aparece é sugado por todos os ritmos. Uma mesma música, é ouvida em vários géneros. 

Grava-se uma linda música romântica, se fizer sucesso, imediatamente será gravada no estilo Arroxa, Axé Music, Funk, Forró, Forró Universitário, Sertaneja, Samba. É a carência de música no mercado que leva a esse desespero de regravação.

A qualidade da música brasileira que estamos ouvindo hoje nas mídias, nos emburrece. 

Hits como “Ai se eu te pego” e “Camaro amarelo” são tapas na cara dos poetas Cazuza e Renato Russo. 

Que me desculpem os artistas e fãs, mas, aceitar Ivete Sangalo e Luan Santana, como principais representantes da MPB atual, é demais.

Os dinossauros da MPB continuam faturando em seus shows. Para assistir um show do Chico Buarque é necessário perder o amor de no mínimo trezentos reais. Caríssimo, mas, vale a pena! Mesmo que não tenha, nos shows, nenhum novo sucesso. 

Aliás, um dos últimos sucessos da MPB foi gravado pelo Ney Matogrosso. Falo da música Poema. Um verdadeiro tesouro. 

Se os setentões perderam suas aspirações para compor, só nos resta esperar dos mais novos artistas. Lenine é um desses, que guarda a esperança de reerguer a MPB. 

E pela procura dos shows dos dinossauros da MPB, percebe-se uma necessidade dos fãs em curtir uma balada diferenciada, com mais qualidade, menos zuada.

Um estilo que tenha mais a nossa cara. A cara do povo brasileiro. A MPB é a cara do povo brasileiro. Se parece com o Paulinho da Viola. 

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