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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Mais Médicos – preparação do terreno para chegada dos médicos formados por meio das Cotas Universitárias.


O Brasil sofre com a falta de médicos. Ainda que alguns oportunistas digam o contrário, há carência de profissionais da saúde nas periferias dos grandes centros urbanos e nos rincões espalhados pelo país. Os que falam o contrário disso, certamente, nunca precisaram do SUS. São pessoas que não conhecem a realidade verdadeira do povo brasileiro. Só quem sabe é quem está vivendo essa realidade. Se procurarmos respostas nos lugares certos, veremos que não é apenas a falta de médicos que tem afligido a população. Entre os profissionais que atendem pelo SUS, alguns na verdade, deveriam ser demitidos pelo mau serviço prestados.

A formação médica nesse país sempre foi uma área restrita a classe rica. A maioria dos médicos, até pouco tempo, era proveniente das classes A e B. Isso transformou a profissão numa das mais elitistas do mundo. A altivez dos “quase deuses” passou a ser o traço significativo da maioria dos profissionais da área. A própria história nos mostra o quanto a profissão se enraizou entre os afortunados. Se formos encontrar respostas no passado, veremos que a primeira escola criada em solo brasileiro, foi justamente a Escola de Medicina, no Rio de Janeiro. Entre o fim do século XVII e o início do XVIII, os filhos da burguesia impedidos de viajarem até a Europa para fazer medicina, devido os ataques da tropa de Napoleão Bonaparte, tiveram que se contentar em estudar aqui mesmo, em terras tupiniquins. A construção da escola de medicina se deu exclusivamente por/para esse fim.

Na verdade, médicos brasileiros não gostam de tratar pobre. Embora existam exceções, mas, quando isso acontece, na maioria das vezes, vem como um “sacerdócio” ou uma ajuda humanitária ou ainda, um emprego temporário. O negócio do médico brasileiro não é está em postos de saúde da periferia, tratando de moradores de favelas ou de morros. Moradores de rua? Nem pensar!

A ideia que temos do médico comprometido em salvar vidas, ainda que esteja enfrentando adversidades, não faz mais parte do imaginário popular. O descaso com a saúde tem como principal entrave o perfil do paciente. Atendimentos a pobres, negros e desempregados, geralmente ocorrem com muitas dificuldades. 

A falta de medicamentos, leitos e hospitais, não é mais importante que a falta do principal personagem dessa emblemática discussão que tem tomado os noticiários nas últimas semanas. O médico é fundamental nesse processo. Ele é essencial, ainda que falte tudo! De que adiantaria um hospital super equipado, sem médicos!

É justamente para suprir essa demanda, onde se encaixa a adoção das Cotas Universitárias, que forneceu condições para que os filhos da classe pobre,  pudessem ingressar também nos cursos de medicina. Em mais alguns anos, o Brasil receberá uma leva de profissionais de medicina oriundos de favelas e morros. Com isso, o governo disporá de mecanismos e condições para receber esses profissionais, que, diga-se de passagem, a iniciativa privada não vai querer contratar. Com isso, não estou pondo em dúvida a formação médica e a capacidade de execução da função dos negros e pobres formandos em medicina, chamo a atenção, na verdade, para uma prática que acontece no Brasil, desde seu descobrimento, onde valor só tem quem é burguês.

A formação desses novos profissionais dará uma cara nova no atendimento médico, principalmente no atendimento médico para os mais pobres. Os médicos vindos das classes pobres, sabem a realidade do povo da periferia por eles próprios terem sido de lá. Com as Cotas, o governo além de socializar as Universidades, colocando os filhos do gari, do motorista de táxi, da empregada doméstica, na mesma sala de aula do filho do empresário, conseguiu preparar o mercado com o "Mais Médicos" para receber, em breve, os profissionais de saúde (negros e pobres) que estarão concluindo o curso de medicina, nos próximos anos.

A questão é: a elite vai deixar isso acontecer?

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