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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O barril de pólvora explode mais uma vez!



Assistimos atônitos o que vai acontecendo no Complexo Prisional do Curado, no grande Recife. Já foram confirmadas duas mortes, uma inclusive, de um policial militar. Desde ontem (19/01), no início da tarde, iniciou-se o tumulto dentro do presídio, quando foram ouvidos disparos de tiros. 

Impressiona imaginar que presos possam ter arma de fogo, dentro de um presídio. Embora saibamos que armas, é o que não falta pra eles.
O Complexo Prisional do Curado é o resultado de um "processo de reformulação do sistema carcerário" do Estado de Pernambuco, proposto pelo então governador Eduardo Campos, que resultou em dividir em três presídios, o antigo presídio Aníbal Bruno, conhecido pelas inúmeras rebeliões de presos e suas mortes que estamparam páginas dos jornais em todo Brasil.

O presídio, por diversas vezes, foi considerado o pior do país.

O Aníbal Bruno foi o palco do maior erro jurídico que já se ouviu falar por aqui. Durante 19 anos, Marcos Mariano da Silva, foi esquecido pelo Estado (justiça, direitos humanos, ministério público, imprensa...) permanecendo preso por um homicídio que nunca cometeu. Após penar na cela imunda do presídio por quase duas décadas e perder a visão, saiu para liberdade com 63 anos, pra logo depois falecer.
O resultado da “grande visão estratégica” do governo do estado, em tentar melhorar a situação do sistema prisional, não surtiu efeito esperado. Foi mesmo que trocar “seis” por "meia dúzia”. Mudou a estrutura do presídio, transformando-o num complexo prisional, mas, não atacou o principal: que é a busca pela ressocialização/reeducação do detento.

Todo ser errante tem o direito, CONSTITUCIONAL, de ser reintegrado a sociedade como cidadão.

A capacidade dos três presídios que formam o Complexo Prisional do Curado:
–  Presídio Marcelo Francisco de Araújo - 1195 vagas
–  Presídio Frei Damião de Bozzano – 465 vagas
–  Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros – 454 vagas

Ao todo são 2.114 vagas em todo complexo prisional. Mas lá existem mais de SEIS MIL presos.

O Sistema Prisional Brasileiro é um dos assuntos mais importantes que deveria está sendo discutido no Brasil. Assim como as reformas política e tributária, a lei dos meios de comunicação, a taxação das grandes fortunas, o modelo prisional adotado pelo Brasil, deveria está na pauta de discussão na sala da Presidenta da República, no Congresso Nacional, nos Conselhos Sociais.

A sociedade, de um modo geral, deveria discutir esse assunto como algo bem próximo dela, algo bem prioritário a ela. Porque o sistema que está aí não está resolvendo o problema. Está agravando-o cada dia mais e mais.

Não dá mais pra conviver com um processo que não reeduca ninguém, não ressocializa ninguém.

Homens e mulheres, jovens e idosos, estão sendo levados ao máximo de tensão, desrespeito, humilhação e desumanidade que se possa imaginar, ao pagar suas sentenças pelos presídios espalhados pelo país.

Não adianta se indignar com a morte do brasileiro Marco Archer, que foi fuzilado na Indonésia. Aqui no Brasil, nossas cadeias proporcionam “pena de morte” a milhares de brasileiros.

Como você se imaginaria conviver numa cela, que hipoteticamente cabem cinco pessoas, e ter que conviver durante anos nesse mesmo espaço com cinquenta detentos. Isso é viver? Não! Isso é morrer!

Em junho de 2013 escrevi sobre esse assunto: http://emiltonx.blogspot.com.br/2013/07/sistema-prisional-brasileiro-ate-quando.html 

Continuo concordando com que disse naquele momento. 

Quisera que a sociedade, de um modo geral, alertasse para o grande mal que está fazendo a si mesma.
Quisera!

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse sistema carcerário é uma vergonha para o Brasil. Você tem razão, só aumenta os crimes aqui fora dos presídios.