A imprensa brasileira está longe de ser considerada
imparcial.
Detentora de um patrimônio incalculável com obtenção de lucros
anuais faraônicos, parte desse lucro, graças aos contratos governamentais, ela
vai defendendo com unhas e dentes sua hegemonia, buscando manter-se como principal
poder entre os poderes institucionais constituídos.
Acostumada a viver bem
próximo dos governos, em algumas ocasiões parecia fazer parte de alguns deles,
acredita ou deixa transparecer muitas vezes, ser ela quem governa o país.
Esconde fatos que possam prejudicar seus favorecidos, protegidos, associados, e por outro lado, persegue, calunia, prejudica os que são considerados desafetos.
Implacável! Em poucos dias ela cria heróis ou bandidos, santos ou demônios,
bons e maus homens, sempre com o objetivo de atender seu projeto de poder.
Se fossemos fazer uma “anamnese” da imprensa brasileira,
entenderíamos porque ela é assim, tão cretina Para isso teríamos que analisar desde seu nascimento,
quais suas bandeiras, o que realmente defendia a imprensa brasileira no
passado(?).
Por exemplo, no período da ditadura militar, a imprensa foi
fortalecida. O regime autoritário foi, sobremaneira, muito generoso com os “barões
da imprensa”. Na época, só as empresas de comunicação que cumpriam com as
determinações impostas pelo regime, permaneceram funcionando. As que não
cumpriam, tinham suas portas fechadas, não sendo mais concedida a concessão
para o serviço de imprensa.
Concessão negada! Esse era o carimbo do Ministério
das Comunicações, aos “avisados não cumpridores das regras”.
Surpreende imaginar que embora milhares de brasileiros
tenham morrido ou desaparecido, nenhuma empresa de comunicação, das que
conseguiram sobreviver ao regime, tenha se esforçado para divulgar.
Talvez seja
justificado que, por terem labutado de “mãos dadas” com o regime de exceção,
elas tenham se calado por questão de sobrevivência.
Há relatos de que as
Organizações "grobu" não só cumpria com as determinações impostas pelo regime,
como exigia ainda mais, de forma contundente, chegando a aumentar o grau de
exigência de censura recebidos das autoridades. Com isso certamente, aos olhos
dos generais, era um ato de extrema subserviência. Aos olhos dos perseguidos
políticos, um ato de extrema covardia.
No Google, há fotos de colunistas,
reportes, diretores de jornais e revistas, que acompanhavam de tão perto o
General Presidente, que se este fizesse uma parada brusca, ao caminhar,
possivelmente, aqueles o esbarraria. O acompanhamento ao chefe do governo era
tão próximo, que chegavam a produzir sombra para o general presidente.
Não há nada que revigore mais uma alma autoritária, que a
convivência com bajuladores. Os chamados “lustra botas”, "lambe botas", os "alexandres garcias" estavam sempre a disposição dos generais.
Há relatos de presos políticos que afirmam o uso de caminhões do jornal Folha de São Paulo, sendo usado para carregar os corpos dos "comunistas inimigos do país", que não suportaram a tortura.
Arrepia a coluna vertebral, só em pensar que são essas
mesmas empresas e em muitos casos, as mesmas pessoas que são responsáveis pela
divulgação das informações de grande circulação no nosso país.
São eles que decidem
como, quando, onde e o quê, uma matéria deverá ou não, ser divulgada.
Será que uma organização criada para divulgar informação à sociedade,
com exatidão e sem omissão de fatos, sob o risco de ferir a própria
democracia, será que esses que se calaram quando brasileiros foram
barbaramente perseguidos, presos, torturados e mortos, será que esses mesmos
homens, ditos, formadores de opinião, que se mantiveram em silêncio em
detrimento do sofrimento que passaram os perseguidos políticos e em geral o
povo brasileiro, será que podemos confiar no que dizem em suas colunas, nos
mesmos jornais e revistas de hoje?
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