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sábado, 30 de abril de 2016

Carta aberta à elite brasileira


Por Carol, bolsista do Prouni

Sobre a notícia ou especulação que tá rolando agora, que trata da privatização da Educação pelo novo governo de direita que vai tomar o poder na marra, já que não conseguiu nas urnas. Sobre esse assunto ouvi três pessoas, dessas ricas de nascença, dizerem que "tem mais é que privatizar mesmo". 

Diziam os bem nascidos: Em Federal só entra quem faz cursinho, e quem tem dinheiro pra pagar 3 anos de pré-vestibular é porque tem dinheiro pra pagar uma graduação também. E, além disso, FIES e PROUNI só servem pra encher as instituições de gente incapacitada, porque pobre nunca teve educação de qualidade, vai cair de paraquedas no ensino superior sem base nenhuma e vai só reduzir a qualidade da mão de obra do país. 

Eu claro, não posso deixar de demonstrar a indignação que isso causa em quem tem tanto esforço para superar as barreiras que nossa sociedade lhe impõem.

Pois bem...


Estudei em escola particular como bolsista e posteriormente em escola pública. Nunca fiz cursinho, mas, mesmo assim COM MUITO ESFORÇO fui aprovada em 5 instituições federais de ensino superior, e conheço gente que embora tenha feito cursinhos e seja rico e tenha dinheiro  pra pagar mil, dois mil ou mais todos os meses numa graduação e que dividem comigo a sala de aula. Hoje sou Prouni, por ter optado pelo ensino privado, o qual não teria condições de manter, mas, que esse governo proporcionou a oportunidade para pessoas que obtivessem BOA NOTA e demonstrasse MUITO ESFORÇO conseguisse uma vaga de um curso superior, participando em pé de igualdade com tantos outros “bem nascidos”. 


Abracei essa oportunidade como algo que antes seria inatingível, ou quem sabe, me causaria perdas financeiras incalculáveis para mim e minha família. Tenho mantido um ESFORÇO sobre-humano nessa caminhada, pois não é nada fácil! Diferentemente dos “bem nascidos”, sei que não posso errar. Pessoas como eu, provenientes da base da pirâmide social, ao ingressar nas Universidades, após uma árdua luta contra o preconceito que vem de cima pra baixo, a esses brasileiros e brasileiras não é dado o direito de errar.

Meu ESFORÇO tem rendido conhecimento, empatia com os problemas sociais, reflexão a respeito do momento que o Brasil atravessa e boas notas. Muitas boas notas! Melhores inclusive do que as dos “bem nascidos” da minha sala. Não busco, no meu processo de aprendizagem, apenas os altos ganhos financeiros ou posição social, mas, persigo a Responsabilidade Social. Afinal, é contra o Verdadeiro Idiota Universitário que o ensino Universitário tem buscado se livrar. Esse ser asqueroso que só reconhece a si próprio e que não tem tempo de perceber o outro. O único que tem direitos. O único pra quem o sol brilha todos os dias.

O estudante, principalmente o Universitário, deve SIM participar ativamente não só da mão de obra do país, mas da sua formação e transformação enquanto sociedade. Os de onde venho, se cansaram de ser coadjuvantes. Quem ser os atores e atrizes do papel principal. Eu estou pronta pra defender essa premissa a partir do curso que escolhi e o qual esse governo que hoje é vítima de um Golpe, me Oportunizou.

E quanto aos comentários que ouvi posso concluir: A casa grande se revolta quando a senzala chega no ensino superior de igual pra igual com os seus filhos, porque espera que nós continuemos a ser seus serviçais e nunca donos de nosso próprio destino. Basta a gente melhorar um pouco que já incomodamos os bem nascidos. A natureza do escorpião presente na elite brasileira não aceita que pobre tenha ascensão. E aos que se vêm  como elite brasileira e querem que nós fiquemos satisfeitos com suas sobras, vão encontrar resistência. Dessa vez não mais de seus "empregados", mas, de seus colegas de trabalho, que seremos no futuro próximo.
E estamos nos preparando pra sermos tão bons ou melhores que vocês.




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