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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Por que os nossos filhos crescem?



O que mais critiquei na minha adolescência foi o saudosismo dos mais velhos daquela época. E hoje me pego com saudades das minhas filhas ainda criança. 

Lembro-me de suas caras no primeiro dia em que as vi na maternidade, logo depois de nascidas. Há poucos minutos de suas vindas ao mundo.

Enroladas no lençol do hospital, chupando o dedo e chorando ao mesmo tempo. Lembro das carinhas sujas ainda. Do medo que tive de machucá-las ao tê-las no colo. Meio sem jeito, quase que executando ao mesmo tempo, a mais prazerosa tarefa e a mais difícil. Sentia como se elas pudessem cair dos meus braços a qualquer momento.

Aquele ser molengo sem estrutura óssea. “Enfermeira, por favor! É melhor deixá-la com a mãe”.

As primeiras mamadeiras, as primeiras noites sem dormir. A cadeira de balanço, tão amiga, nas horas mais difíceis. Ter que acordar às duas da manhã pra fazer o leite e imaginar que conseguiria, enfim amamentadas, ter algumas horas de sossego.  

Sossego? Puro engano!

Depois de tomar o leite, ativavam o "botão" brincar!

Alguém já imaginou ter que às três da matina brincar com gugu gaga? Cantar “boi, boi, boi...” E receber em troca uma gargalhada do seu filho de seis meses de nascido?

Quem disse que tomar leite dá sono? Dá muita energia, perda de sono, vontade de brincar e gargalhar.

Decidi, ainda na barriga da mãe, que não iríamos comprar chupeta pra elas. Sempre achei que [a chupeta] seria a primeira e mais danosa mentira que os pais dão a seus filhos. Pagamos um preço por isso, é certo. Mas, não as enganamos toda vez em que elas chorassem, colocando a chupeta em sua boca. 

Sobre o bem de criar filhos sem chupeta, eu digo: valeu muito a pena. 

Entre choros, noites de sono e gargalhadas, elas cresciam e se desenvolviam dia a dia.

Com o passar de alguns meses, elas perceberam que a casa tinha outros compartimentos. 

Engatinhando, elas descobriram que chegariam mais longe. Era chegada a fase do quebra-quebra, do “tira tudo das partes inferiores da estante”; tudo colocado no alto pra o bebê não pegar. 

Fechar o acesso delas pra cozinha. Não deixar as portas abertas dos quartos. Limitar o espaço delas na sala e, tão somente, na sala. 

Incrível! Um ser indefeso e tão perigoso.

Se engatinhando elas já criavam tantas desordens e preocupação, que dizer quando começarem a andar.



São com os primeiros passos que elas perceberam que a casa era muito, mais muito pequena pra elas. Descobriram que havia ruas, avenidas, gente, e mais gente, e mais gente... “que legal!” pensaram elas.

Por que criança gosta tanto da rua? 

Eu não lembro que eu era assim quando tinha dois ou três anos.

Mas, uma coisa é certa, nada referente aos filhos, se compara as primeiras palavras ditas por eles. Quando ouvir pela primeira vez, elas chamarem papai, foi o som mais lindo que já ouvi na vida.

Mas, nem tudo nos nossos filhos bebês, é... assim... lindo! 

Quando começaram a andar, entraram também na fase das palavras impertinentes. A primeira foi a fase do NÃO. Tudo que falávamos ouvíamos sempre um NÃO. 

Depois da fase NÃO veio a do POR QUE.

Você imagina ter que encontrar resposta pra tudo que você falar? E é um interrogatório que NÂO tem fim. Terrível! Super inconveniente.

Aí vem a fase do EU SABO.

Na verdade deveria ser: EU SEI, mas elas têm, desde muito cedo, uma enorme capacidade de irritar a mim e a mãe. 

Sabe aquela pessoa com três anos de idade achando que tudo sabe. Um cotoco de gente no meio da sala, achando que sabe ligar a TV, que sabe por o DVD pra tocar, que sabe amarrar o sapato, que sabe cortar a carne no prato...

“Deixe que EU SABO!"

"EU SABO a hora que vou dormi"

Dói só em lembrar.

Então chega a idade de ir pra escola. E a gente se surpreende em ver que elas foram mais corajosas do que, eu. O primeiro dia de aula parecia que elas já estavam esperando, ansiosamente, por aquele momento. A adaptação foi extraordinária. Eu precisei de uns seis meses pra me sentir “marromeno” na sala de aula das minhas lamentações. 

E a expectativa delas quanto quem iria buscá-las na escola(?!). Sei não, viu, mas os pais sofrem.

Quando era eu, tinha que vim o percurso todo explicando as razões porque a mãe não pode ir buscá-las. Elas vinham de cara feia, resmungando pelo caminho. 

Pai, por acaso, não sabe ir buscar filhos na escola?   

Quando era a mãe que as buscavam, acontecia o contrário.

Por que pai não veio? Perguntavam elas a mãe.

Filhos adoram “tirar onda” com os país. 

Por tudo que foi vivido, as noites de sono, as várias fases que atravessamos, os primeiros passos, as primeiras palavras, a iniciação a vida escolar, as tarefas, as broncas, as tossis e febres, as idas ao médico, tudo, tudo e tudo. Como seria bom se elas não tivessem crescido.

Mas, lá no nosso âmago, pra nós elas sempre serão crianças.

 

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