É possível identificar quatro recados vindos das
manifestações e os destinatários:
1- A classe política
Durante anos, a sociedade vem sendo
bombardeada pela imprensa, com manchetes culpando o governo federal pela corrupção
no país. Desde a redemocratização, os holofotes direcionam suas luzes para o Planalto,
na tentativa de expor as mazelas do Brasil, o desvio de dinheiro público, toda
a corrupção a partir do governo federal. As manifestações vêm dizer que o povo sabe e
não suporta mais ser enganado. A corrupção começa bem aqui! Bem próximo de nós.
Na Câmara de Vereadores e Prefeituras de nossas cidades. O movimento apartidário
das ruas empurrou na parede toda classe política, em especial os executivos municipais
e estaduais e as casas legislativas das três esferas governamentais. O desgaste
das instituições públicas, devido a letargia, a falta de compromisso dos
legisladores e o grande desvio de dinheiro público, realizado por esses
políticos, levou a manifestação a coloca-los como principais agentes da
indignação do movimento. Todo problema do país, seja o menor ou o maior, passa
pela falta de responsabilidade dos políticos brasileiros. Atentos aos últimos
acontecimentos, grande parte dos manifestantes entendem que não basta culpar o
governo federal. Medidas que visam melhorar a vida da população, são enviadas
ao Congresso pelo governo federal e muitos congressistas votam contra. É o caso
da MP dos portos e da redução da conta de energia.
2 - A polícia
Os organismos ligados à segurança pública,
precisam por em prática uma nova forma de abordagem policial. O ódio sem
limites, por parte de alguns membros do movimento contra policiais, mostra o
descontentamento por essa classe de trabalhadores público. Isso tem a ver com a
onda de repressão sofrida por jovens, cometidos por policiais que não tem nenhuma
condição de exercer a função. Os ataques a policiais mostra um sentimento de “revanche”
da sociedade. A bem da verdade, a polícia brasileira tem provocado barbáries.
Pessoas estão sendo presas injustamente, jovens sendo espancados e muitas vezes
assassinados por policiais. E aí, quando mais se precisa da autoridade policial, ela é encarada como um inimigo que se deve combater. Esse espírito de vingança,
por parte de alguns manifestantes é algo que preocupa e que deve ser analisado,
principalmente pelas corporações.
3- A imprensa
Setores da imprensa vêm se impondo na
sociedade como se governasse o país. E pior ainda, mantem uma relação com o seu
público, como se esse fosse um bando de alienados que cumprem a cartilha do
consumo que os barões da mídia determinam. O Brasil tem uma imprensa que
insiste em ser um partido político. Por esse motivo, passou a ser desacreditada
e seus profissionais agredidos pelos manifestantes. A revolta é tanta com esse
setor que cartazes pediam, entre outras coisas, a regulamentação da mídia. A relação
escusa entre “formadores de opinião” da Grande Imprensa com políticos,
ministros, bicheiros, empresários, levou a imprensa a está no meio do olho do
furacão. Na verdade, os barões da mídia já vinham sentindo no bolso a falta de apoio
popular as “sandices” impostas em seus editoriais de jornais e revistas. Agora,
depois desse divisor de águas, para seu próprio bem, seria bom voltar as suas
funções normais. Imprensa deve ser imprensa! Ela não deve
querer ferir diuturnamente a democracia. Foi por isso também que o povo cansou! A corda esticada
partiu! Os formadores de opinião, que destilam seus venenos todos os dias, sem
nenhum respeito a seu público, vão precisar repensar o que estão dizendo. Caso
contrário, seguirão/continuarão no “limbo” da sociedade.
4- Empresários - principalmente do setor de transporte
e bancário.
As manifestações nos mostra que a população
está indignada com setor financeiro, principalmente com os empresários ligados
a bancos e ao transporte de ônibus. Os ataques a esses setores se faz com uma
fúria impressionante. A quebra de ônibus e caixas eletrônicos, vem com a ideia
de produzir prejuízo ao empresário. A sociedade sabe que o setor financeiro é,
de longe, o que mais ganha dinheiro no Brasil. Impossível não se indignar ao
lembrar que os mesmos mil reais, colocado na poupança não recebe o mesmo valor
que os mil reais solicitado em um empréstimo. Descobrir que contribuo com 70%
no contrato da concessão dos transportes, enquanto a prefeitura entra com 20% e
o empresário com apenas 10%.
São essas as vozes que estão vindo das ruas e que
certamente, a sociedade não poderá mais viver sem que lhes sejam ouvidas. Os
políticos, a polícia, a imprensa e os empresários, deverão fazer uma grande
análise de tudo isso que estamos vivendo. Porque a sociedade, pelo que parece
já fez a sua análise!
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