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terça-feira, 22 de abril de 2014

A pior de todas as humilhações.


Você já se imaginou fazendo xixi ou cocô na rua? 

Pois é! 

Milhares de brasileiros têm sido obrigados a fazer suas necessidades fisiológicas e fundamentais em becos e ruelas de nossas cidades. A sociedade, mesmo se sentindo agredida, fecha os olhos para um problema que vem somente aumentando nos grandes centros urbanos.  


A existência de moradores de rua não é um problema unicamente brasileiro. Nos EUA e na Europa, tem sido comum o aparecimento de pessoas vítimas da crise econômica que procuram nas ruas uma maneira de sobreviver.


Aqui no Brasil, a leitura que fazemos sobre esse assunto é de que os governos municipais, muitos deles, não estão nem um pouco preocupados em solucionar esse problema. Famílias inteiras estão morando nas ruas, sem que prefeitos e vereadores notem. É nítida a falta de ações do Estado que possam acabar com essa humilhação que brasileiros têm passado todos os dias.


Aqui em Recife, por exemplo, a imagem mais comum vista no horário da manhã, nas paradas de ônibus das grandes avenidas, nas ruas e praças do centro da cidade, embaixo de marquises e pontes, são famílias dormindo em colchões. Dá pra ver o momento em que alguns deles estão despertando para um novo dia. 

É vergonhoso e inaceitável vermos pessoas submetidas ao total descaso social. Morando em praças, dormindo embaixo de pontes e viadutos, mendigando comida nas portas dos restaurantes e bares, tomando banho e lavando suas roupas nos espelhos d’água das praças e dos monumentos públicos. 

Entre esses homens e mulheres, se vê inclusive crianças recém-nascidas ou em fase escolar. Se a lei que assegura que TODAS AS CRIANÇAS DEVEM IR PARA A ESCOLA fosse levada ao pé da letra, levaria também muitos gestores para a cadeia, pelo não cumprimento da lei.

São nessas horas que nos perguntamos: cadê o prefeito? Nessa cidade não tem vereadores? Por que o Ministério Público (MP) assiste a tudo isso como se não tivesse nada a ver com o problema?

Dizem que o MP, nos termos da lei constitucional, é o defensor da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Diante dessa afirmativa constitucional, chegamos a conclusão de que, em referência a essa questão, existe uma total omissão por parte do órgão que deveria representar esses homens e mulheres, moradores de rua dos grandes centros sociais brasileiros. 

Aqui cabe um parágrafo especial: é muito fácil entender o porquê do desvio de função do órgão que existe, supostamente, para defender a sociedade. É que muitos Ministérios Públicos se transformaram em secretarias dos governos estaduais. Eles abdicaram de sua autonomia e passaram a ser uma extensão do gabinete dos executivos estaduais e, em alguns casos, também dos executivos municipais. Promotores só agem onde o governador mandar!


Dilma Rousseff solicitou aos prefeitos que identificassem a população considerada no nível social abaixo da linha da pobreza. Pelo que parece, a presidenta terá que fazer, ela mesma, esse levantamento. Não há, repito, por parte das prefeituras, interesse em resolver esse problema. E é bom lembrar, em letras grandes e em negrito: 

Esse é um problema de responsabilidade do prefeito!

Esse texto não tratou dos casos de viciados em drogas, que também perambulam pelas ruas. O texto traz para reflexão os milhares de moradores de rua, que por razões diversas, se encontram numa situação degradante. Não usam drogas, não são beberrões, não são arruaceiros, mas estão a depender de uma ajuda do poder público. Precisamos entender por que esses brasileiros não estão merecendo atenção dos gestores municipais? Afinal, prefeitos e vereadores não são eleitos para cuidar dos munícipes?

Uma sociedade que não aceita que cães e gatos sujem as ruas e praças, e acha normal que seres humanos não tenham à sua disposição o mínimo para manutenção de sua cidadania, chega a ser um cruel contrassenso.  

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