Há cerca de três anos, sofri um golpe ao saber sobre um caso de câncer na minha família.
Uma de minhas irmãs tomou conhecimento de que deveria retirar um dos seios, devido a um nódulo maligno.
Após cinquenta e cinco anos, um filho, netos, vivendo uma vida aparentemente tranquila, desprovida de qualquer problema de saúde física, uma das pessoas mais "chatas" 🫣, vaidosa e altiva, que conheço, se mostrou diante de mim angustiada, desesperada e fora de si, devido à doença.
O diagnóstico do câncer no seio direito foi devastador.
Para ela, parecia que o mundo havia acabado. Não tinha nada que mudasse o sentimento de “tudo acabou”. Ninguém podia ajudá-la.
Ela entrou em desespero total! Bastava olhar para ela que se percebia. Por mais que ela tentasse esconder, o diagnóstico a estava consumindo.
Nada que falássemos aliviava suas dores. Com a alma abatida, ela sequer ouvia o que falávamos.
Os primeiros dias foram difíceis, mas os outros dias foram piores.
Alguém falou para ela que talvez os exames poderiam ter dado um resultado errado.
Aconselhamos a refazer os exames. Sabíamos que as chances eram muito remotas, mas, naquele momento, a dúvida surgiu como um bálsamo.
Ela não dormia, comia pouco, conversava menos ainda.
A ideia de perder uma parte de seu corpo, ficar “mutilada”, feriu-lhe a mente.
Foram dias difíceis.
O resultado saiu. E, como esperado, atestou o que dizia o primeiro exame. Mais desespero! Mais sofrimento!
Acho que cada pessoa encara essas coisas de uma forma.
Minha irmã mudava de sentimento conforme o momento. Às vezes enxergávamos um leve sorriso no seu rosto, noutros um silêncio, uma distância da realidade, um choro escondido.
Ela já estava sendo assistida, desde que soube do tumor, por um psicólogo. Mas, nesses casos, o pior é quando se está só. Por mais que familiares e amigos tentem preencher espaços, sempre haverá momentos de solidão, de reflexão (negativa), de perguntas sem respostas.
Por que eu?
Por que comigo?
Os dias que se sucederam foram muito difíceis para ela e para os que compartilharam a sua dor.
Os dias eram longos, mas a data da cirurgia foi se aproximando. Cada vez mais, pessoas se mostravam solidárias. Exemplos de casos bem-sucedidos foram surgindo aos montes (ainda bem!).
Uma senhora que passara pelo mesmo problema, inclusive retirando os dois seios, lhe mostrou o resultado final, após passar por todo o processo, desde o recebimento do laudo até as plásticas.
Ao mostrar os seios à minha irmã, essa senhora trouxe de volta a esperança em sua vida.
A partir daí, ela passou a ter mais coragem e vontade de enfrentar tudo aquilo de cabeça erguida.
Vez ou outra surgia o medo, mas ele não tomava conta de seus pensamentos como antes.
Naqueles momentos de dores e incertezas, ela se aproximou muito mais de Deus. O que não é nenhuma novidade.
E nós, também!
A operação ocorreu e foi bem-sucedida.
Começaram, após alguns dias, as sessões de quimioterapia e radioterapia. Com elas, vieram as reações, a queda de cabelo, o uso de perucas, o uso do sutiã de prótese.
Qualquer um que se colocar no lugar dela, mesmo que seja por um minuto, ainda que não faça esforço algum para sentir, ainda assim, perceberá uma fração da dor em tudo isso.
Hoje, após todo o processo, minha irmã é um exemplo para todos e principalmente para todas as mulheres que estão vivendo esse tormento.
Após terminadas as sessões, concluídas as plásticas devidas, ela está mais bonita, os seios mais firmes, porque precisaram fazer ajustes no esquerdo, o cabelo está mais sedoso e bonito, reconquistou o prazer de viver, a alegria voltou à sua face, está ainda mais efervescente que antes.
A única coisa que não mudou foi a "chatice" 😂 que, aliás, só não aumentou por falta de espaço.
É difícil, eu sei.
Dói muito ver quem amamos passar por tudo isso.
Mas, no final, a alegria é melhor e o sorriso é diferente.
Tenha fé! 🙏
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