Votei em Eduardo Campos na eleição de 2006, no segundo
turno, para o governo de Pernambuco. Desacreditado no início da campanha, ele conseguiu
a vitória contra o candidato do DEM, principalmente pelo apoio de Lula da
Silva. Essa, aliás, foi a razão pela qual votei nele.
O apoio de Lula da Silva foi imprescindível.
Sempre tive desconfiança dos políticos que crescem às custas do espório eleitoral de seus pais e avós. Eu penso, que o patrimônio político de um homem, construído ao
longo de sua história pública, não é automaticamente transmitida para seus
filhos e netos, ou melhor, não deveria ser.
Assisti um comício de Ciro Gomes, no Campo de Bagatelle, em
1998 na cidade de São Paulo. Naquela disputa para Presidente da República, ele
já demonstrava postura aguerrida, capacidade administrativa e um discurso
diferenciado sobre os problemas brasileiros.
Mas havia algumas “pedras” no caminho do Ciro, naquela eleição. Primeiro o
apoio maciço da grande imprensa e da elite brasileira a reeleição de FHC, que
passava como um rolo compressor por cima de qualquer um que tentasse impedir a continuidade
do governo neoliberal. Segundo, havia o fator Lula da Silva, que crescia a cada
eleição, mesmo sofrendo preconceito e perseguição de setores da sociedade. E em
terceiro, a escolha de Paulinho da Força para ser vice em sua chapa, foi um
erro crucial para esvaziar qualquer possibilidade de chance de chegar a presidência.
Eduardo Campos é um bom administrador. É honesto. Qualidade muito
escassa, no Brasil, na personalidade de muitos políticos. Mas o neto de
Arraes, é ingrato. A ponto de atacar, “expulsar” do partido, eliminar qualquer
possibilidade de diálogo, aos que lhe deram a mão.
Lembro do senador Jarbas Vasconcelos, na tribuna do Senado,
criticando de forma veemente a mãe do governador de Pernambuco, na ocasião da
aprovação do nome de Ana Arraes para Ministra do Tribunal de Contas da União. Diferentemente do que está sendo mostrado pelo
PSB, na política não vale fazer de tudo para se chegar aos objetivos.
Ciro Gomes tem pensamento criterioso e certeiro sobre fatos
da política e sobre políticos. É do tipo que não manda recados. Seus críticos o
acusam de falar um dialeto indecifrável. “Eles” sempre utilizam essa tática.
Desclassificar, diminuir, se fazer de “não entendi nada”. É a arma usada para
desmerecer qualquer um que fale, o que “eles” não querem que seja dito. Lula e
Dilma, também são vítimas dessa artimanha.
Na posse de Lula em 2003, Ciro foi protagonista de uma cena
que ficará marcada para história da república. Bem ao seu estilo (na política,
nem tudo é válido), ao se enfileirar para apertar as mãos dos ministros do
governo que estava saindo, ele passou direto pelo então presidente FHC, se
negando a aperta-lhe a mão. Nada mais coerente, diante do que pensava e
falava, dos oito anos de governos tucano.
Eduardo, pelos fatos que tem ocorrido, parece acreditar que
vale tudo para chegar ao poder central. O partido do governador ao se
aproximar de partidos e de políticos de direita, corre o risco de perder sua
identidade. Um outro ponto que precisa ser melhor analisado é o partido querer
colocar para o Brasil, que as conquistas obtidas por Pernambuco, ao longo
desses anos, são devidas unicamente a “extraordinária” capacidade de gestão do
neto de Arraes.
Querer esconder o apoio de Lula da Silva e Dilma Rousseff nessas conquistas,
não é só ingratidão. Demonstra pouca inteligência.
Pelo que parece, Ciro Gomes teve capacidade suficiente para
reconhecer isso.
Entre um e o outro, eu escolho Dilma Rousseff.
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