Será que acendeu a luz amarela?
Enfim, toda a sociedade acordou, em tempo,
para a questão da violência que espalha o medo por todas as cidades brasileiras.
Até pouco tempo atrás, a discussão sobre o assunto ocorria mais nas classes sociais
baixas.
Geralmente é assim mesmo, enquanto a elite de um país se vê imune a determinados
problemas sociais e os que moram nas favelas e morros são os que sofrem e compartilham
entre si essas mazelas, o poder público fecha os olhos, não dá muita importância.
Mas, no momento em que vivemos, ninguém está seguro. Seja rico ou pobre, more
nos grandes centros ou no interior, próximo ou longe de quartéis de polícia ou
delegacia, tenha a idade que for, o emprego que for, mulher ou homem, não importa. Há sempre alguém a espreitar a gente, aguardando o momento certo para nos atacar.
O Brasil, nesse ponto, é
igual a qualquer outro país. Só ocorre ação efetiva, quando os homens que detém
o poder, o dinheiro e a fama se vêm ameaçados.
Dizem que, nos arredores de Londres, existem mais 300
gangues, formadas principalmente por jovens adolescentes, que disputam
territórios, inclusive para vendas de drogas. Há constantes brigas entre as
gangues, muitas vezes com mortes. Essa não é o tipo de informação que a BBC de
Londres transmite para o mundo. Acarretaria certa recusa de turista, do mundo
inteiro, em visitar a cidade. A repercussão só virá quando essas gangues
adentrarem o castelo da família real ou de algum lorde inglês.
No México, pessoas
estão sendo fuziladas e mutiladas, em grupo. Por lá, quando os algozes saem
para matar, fazem, de uma só vez, onze, trinta, cinquenta
assassinatos por fuzilamentos.
Na Índia, mulheres são sequestradas e entregues a
grupos para prática de “estupro coletivo”, muito comum no país. Imagina: homens
“caçando” moças indianas, prendendo-as em cativeiros, e depois vendendo-as a
grupos, para serem estupradas por vários dias.
Diante dessas monstruosidades que estão sendo praticadas em nossa sociedade, seria demais dizer que está ocorrendo algo de muito errado,
estranho, não natural, no homem na atualidade? Não estariam alguns de nossa
espécie mais próximos da irracionalidade?
Portanto, seja no Brasil, em Londres, em Paris, na Índia, por toda parte, vivemos dias difíceis. Assaltos em condomínios de alto luxo, restaurantes e
bares, empresas e shoppings, tudo isso fez acender a luz amarela e a discussão sobre
toda essa onda de roubos e assassinatos deverá surtir algum efeito positivo.
Tem que surtir efeito!
E não há outro meio de iniciarmos essa mudança, senão
pela discussão. A sociedade precisa discutir o que é melhor para ela daqui para
frente. Qual o seu papel como agente principal dessa mudança? Porque, se
formos ficar esperando que apenas os governos resolvam, não dará certo. É necessário que governos e sociedade encontrem juntos a saída para o caos
social. Sem sobressaltos! Até porque não existe salvador da pátria, para esse
caso.
Depende de cada um de nós, mudar o quadro que se apresenta
hoje, de uma sociedade doente, amedrontada, onde basta olhar nos rostos
das pessoas nas ruas para perceber o medo. Cada qual desconfia de cada um. Você entra no táxi,
imaginando que o motorista possa ser um bandido e ele (o taxista) desconfia o mesmo de você. A moça entra no coletivo, temendo ser atacada, o
estudante não confia em caminhar da escola até a parada de ônibus, há perigo na igreja, no cinema, na feira, em toda parte.
São crimes
bárbaros, que levam nossos filhos, pais, netos, amigos, conhecidos, parentes,
colegas, à morte. E, ao mesmo tempo, nos surpreende constatar que, ao mesmo tempo,
são “nossos filhos, pais, netos, amigos, conhecidos, parentes, colegas” que
estão praticando esses crimes. Ou seja, são seres humanos que têm família, que possuem
vínculo social e afetivo que estão cometendo essas atrocidades.
A discussão, como o caminho para solucionar o problema da
insegurança, deve ser realizada em cima de uma proposta de mudança de
comportamento da família (principalmente pai e mãe), na mudança do modelo prisional
(o atual não cumpri sua função de integrar e socializar), no combate as drogas
(principalmente as chamadas “drogas leves” como o cigarro, álcool e maconha), no combate do uso de armas, no tratamento compulsório de viciados, no combate ao
cooperativismo (membros de organismos sociais devem cumprir as penas previstas
pelos crimes cometidos), no combate a corrupção (principalmente na polícia, na
política e no judiciário) e na prioridade educacional para todos.
A banalidade do
crime é decorrente também da injustiça que está ocorrendo aqui embaixo e da
impunidade dos que vivem lá em cima. E nada escapa aos olhos da sociedade.
Mudar essa situação é um dever de todos. E começa dentro de
casa. A violência das ruas tem início no nosso lar. Se conseguirmos melhorar o
convívio na família, certamente conseguiremos melhorar o social.
É isso!
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