segunda-feira, 10 de junho de 2013

Brasil - A sociedade do medo.


Será que acendeu a luz amarela?

Enfim, toda a sociedade acordou, em tempo, para a questão da violência que espalha o medo por todas as cidades brasileiras. Até pouco tempo atrás, a discussão sobre o assunto ocorria mais nas classes sociais baixas.

Geralmente é assim mesmo, enquanto a elite de um país se vê imune a determinados problemas sociais e os que moram nas favelas e morros são os que sofrem e compartilham entre si essas mazelas, o poder público fecha os olhos, não dá muita importância.

Mas, no momento em que vivemos, ninguém está seguro. Seja rico ou pobre, more nos grandes centros ou no interior, próximo ou longe de quartéis de polícia ou delegacia, tenha a idade que for, o emprego que for, mulher ou homem, não importa. Há sempre alguém a espreitar a gente, aguardando o momento certo para nos atacar.

O Brasil, nesse ponto, é igual a qualquer outro país. Só ocorre ação efetiva, quando os homens que detém o poder, o dinheiro e a fama se vêm ameaçados.

Dizem que, nos arredores de Londres, existem mais 300 gangues, formadas principalmente por jovens adolescentes, que disputam territórios, inclusive para vendas de drogas. Há constantes brigas entre as gangues, muitas vezes com mortes. Essa não é o tipo de informação que a BBC de Londres transmite para o mundo. Acarretaria certa recusa de turista, do mundo inteiro, em visitar a cidade. A repercussão só virá quando essas gangues adentrarem o castelo da família real ou de algum lorde inglês.

No México, pessoas estão sendo fuziladas e mutiladas, em grupo. Por lá, quando os algozes saem para matar, fazem, de uma só vez, onze, trinta, cinquenta assassinatos por fuzilamentos.

Na Índia, mulheres são sequestradas e entregues a grupos para prática de “estupro coletivo”, muito comum no país. Imagina: homens “caçando” moças indianas, prendendo-as em cativeiros, e depois vendendo-as a grupos, para serem estupradas por vários dias. 

Diante dessas monstruosidades que estão sendo praticadas em nossa sociedade, seria demais dizer que está ocorrendo algo de muito errado, estranho, não natural, no homem na atualidade? Não estariam alguns de nossa espécie mais próximos da irracionalidade?

Portanto, seja no Brasil, em Londres, em Paris, na Índia, por toda parte, vivemos dias difíceis. Assaltos em condomínios de alto luxo, restaurantes e bares, empresas e shoppings, tudo isso fez acender a luz amarela e a discussão sobre toda essa onda de roubos e assassinatos deverá surtir algum efeito positivo.

Tem que surtir efeito!

E não há outro meio de iniciarmos essa mudança, senão pela discussão. A sociedade precisa discutir o que é melhor para ela daqui para frente. Qual o seu papel como agente principal dessa mudança? Porque, se formos ficar esperando que apenas os governos resolvam, não dará certo. É necessário que governos e sociedade encontrem juntos a saída para o caos social. Sem sobressaltos! Até porque não existe salvador da pátria, para esse caso.

Depende de cada um de nós, mudar o quadro que se apresenta hoje, de uma sociedade doente, amedrontada, onde basta olhar nos rostos das pessoas nas ruas para perceber o medo. Cada qual desconfia de cada um. Você entra no táxi, imaginando que o motorista possa ser um bandido e ele (o taxista) desconfia o mesmo de você. A moça entra no coletivo, temendo ser atacada, o estudante não confia em caminhar da escola até a parada de ônibus, há perigo na igreja, no cinema, na feira, em toda parte.

São crimes bárbaros, que levam nossos filhos, pais, netos, amigos, conhecidos, parentes, colegas, à morte. E, ao mesmo tempo, nos surpreende constatar que, ao mesmo tempo, são “nossos filhos, pais, netos, amigos, conhecidos, parentes, colegas” que estão praticando esses crimes. Ou seja, são seres humanos que têm família, que possuem vínculo social e afetivo que estão cometendo essas atrocidades.

A discussão, como o caminho para solucionar o problema da insegurança, deve ser realizada em cima de uma proposta de mudança de comportamento da família (principalmente pai e mãe), na mudança do modelo prisional (o atual não cumpri sua função de integrar e socializar), no combate as drogas (principalmente as chamadas “drogas leves” como o cigarro, álcool e maconha), no combate do uso de armas, no tratamento compulsório de viciados, no combate ao cooperativismo (membros de organismos sociais devem cumprir as penas previstas pelos crimes cometidos), no combate a corrupção (principalmente na polícia, na política e no judiciário) e na prioridade educacional para todos.

A banalidade do crime é decorrente também da injustiça que está ocorrendo aqui embaixo e da impunidade dos que vivem lá em cima. E nada escapa aos olhos da sociedade.   

Mudar essa situação é um dever de todos. E começa dentro de casa. A violência das ruas tem início no nosso lar. Se conseguirmos melhorar o convívio na família, certamente conseguiremos melhorar o social.

É isso! 

  

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