Ouvi ontem o Editorial da Band, que após relacionar os “fracassos”
obtidos pelo Brasil por meio do Itamarati nas negociações e relações com países
da América do Sul, Ásia e África nos últimos dez anos, terminou afirmando que “a
diplomacia brasileira no passado era motivo de orgulho e hoje é de vergonha”. O
âncora do Jornal da Band, Ricardo Boechat, foi quem leu o editorial após
repetir o que já havia sido dito (com imagens), na reportagem que antecedeu o
editorial.
Primeiro, é preciso saber: era motivo de orgulho, para quem?
A diplomacia brasileira até 2003 se baseava, exclusivamente,
em atender interesses do governo americano. A relação bilateral Brasil X EUA chegava a ser mal vista pelos países da América do Sul, pela subserviência
deste governo àquele.
Votar a favor daquilo que o governo americano defende não é
diplomacia.
No passado, o Brasil vivia de costas para seus vizinhos.
Nossa relação com eles era meramente mercadológica. Não tínhamos grande interesse, também, em acordos com países africanos ou asiáticos. Nosso parceiro natural era os EUA, depois os
países da Europa e em seguida o Japão.
O estreitamento de relações com países pobres não era um “bom
negócio”.
A partir de 2003, a diplomacia brasileira mudou. Já vivíamos uma
década de globalização e não cabia mais os “saltos altos”. Urgia a necessidade
de relacionamento com os países pobres e pequenos.
A partir daí, o governo bateu a porta dos países mais
próximos (geograficamente) e dos mais pobres da África e da Ásia. Além da manutenção
das relações que já existiam com os chamados países do primeiro mundo, o Brasil
voltou-se para os que antes não eram notados pela nossa diplomacia. Nessa nova fase do Itamarati, o Brasil
ofereceu não apenas o que tinha de melhor em seu mercado como também, estendeu
a sua mão num gesto de parceria na solução dos problemas.
Cancelou dívidas dos mais pobres, dando um exemplo de
generosidade ao mundo. Assinou contratos de cooperação e ajuda, levando a
experiência e tecnologia de empresas estatais nas áreas de agricultura, saúde e assistência social. Avalizou programas, que deram certo no Brasil, para serem
copiados por vários países ao redor do mundo. Elevou o nome do Brasil nas
instituições internacionais, onde brasileiros têm ocupado, hoje, lugar de
destaque nesses organismos. Abriu embaixadas e enviou representação onde antes
jamais se imagina.
O Brasil hoje é palco dos maiores eventos mundiais e isso se
deve ao trabalho de nossa diplomacia e toda essa iniciativa de um governo que
ousou fazer diferente.
É crível entender que o principal diplomata de um país é
sempre o seu presidente. No caso do Brasil, o ex-presidente Lula da Silva foi o
agente principal nessa mudança de paradigmas da diplomacia brasileira, dos
últimos dez anos. Quando viajava “no seu aerolula”, ele fazia o papel do mascate.
Sempre acompanhado de enormes comitivas - entre os tripulantes, Lula levava
micro, pequenos e grandes empresários – Lula impulsionou o mercado brasileiro
de maneira considerável e consistente.
Só para se ter uma ideia, em 2002 o Brasil exportou 46 bilhões
de dólares, enquanto em 2012, dez anos depois, exportou para países do
mundo todo mais de 240 bilhões de dólares.
O Brasil não poderia continuar na “aba do chapéu” dos EUA. É vergonhoso para um país ver seu governante viajar ao exterior com pires nas mãos em busca de empréstimos, ou se contentando com tapinhas nas costas, do presidente americano, como se dissesse: “bom garoto..."
As relações diplomáticas se fazem olho a olho. Assina-se um
contrato de respeito mútuo, onde as duas partes resolvem juntas o que é melhor para ambas. O Brasil não
poderia continuar “falando fino com americanos e grosso com bolivianos”.
Portanto Band, não é o passado do Itamarati que eu tenho orgulho.
Estou contigo, Band, e assino embaixo: “a diplomacia brasileira no passado era motivo de orgulho e hoje é de vergonha”. Ou o Brasil acaba com o PT ou o PT acaba com o Brasil
ResponderExcluirQue o diga a revista norte-americana Foreign Affairs. http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/184851/B%C3%ADblia-da-pol%C3%ADtica-externa-exalta-Brasil-na-%C3%81frica.htm
ResponderExcluirVocê escreveu um texto há dois anos que trata justamente do que a revista norte-americana Foreign Affairs acaba de publicar. A diplomacia brasileira deu um show nesses 12 anos.
Parabéns, cara!
E... Não liga pros alienados de plantão.
Eles são Analfabetos Políticos.
Mario Andrade
ps. Estou com dificuldade de comentar utilizando minha rede social.