segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Entre o pato amarelo e o bolsa família, você preferiu o pato.


Ouvi de um conhecido, dono de uma farmácia, que "embora ele estivesse, agora, do outro lado, ele era contra a terceirização". 

O "outro lado" ao qual ele se referiu é o lado empresarial, o patronato. Por ser dono de uma farmácia, ele não mais se vê como Classe Trabalhadora. 

Possui três funcionários, movimenta 200 mil reais por ano e acha que o bonner, quando fala no jn, que o "Deus Mercado" aprovou medidas contra o trabalhador, está falando diretamente para ele. Acredita que medidas que diminuem o poder de compra da classe trabalhadora e dos mais pobres, beneficiam a ele como "empresário". 

Esse é o grande problema da chamada "classe média" ou, como queiram chamar os Pobres de Direita. Eles chegam a defender medidas que, a curto e longo prazo, prejudicarão a eles mesmos.

Achar errado que se "gaste" por ano 27 bilhões com o Bolsa Família, mas, achar sensato que se perdoe dívida do itaú de 27 bilhões, é a mais idiota filosofia política, econômica e social da classe média brasileira. E ela, só pensa assim, porque se vê como classe rica, classe dominadora. 

A classe média brasileira, não enxerga que muitos pobres e miseráveis, beneficiários do Bolsa Família, são os que frequentam a farmácia, o salão de beleza, o mercadinho do bairro, a lanchonete, o restaurante e toda sorte de negócio de propriedade dos Pobres de Direita, da classe média. 

À grande massa de pobres na base da pirâmide social, foi dado poder de compra, de cidadania e de sociabilidade, através dos diversos programas sociais criados pelos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff. 

A classe média foi contra quase todos esses programas, senão a todos. 

Facilmente manipulada pela "grobu", a classe média tem dado tiro no pé constantemente, ora por defender o fim dos programas sociais ou criticá-los, ora por defender ou calar sobre as propostas de reformas do governo ilegítimo que visam atacar o trabalhador e as entidades sociais. 

Ao apoiar a retirada de recursos das mãos dos mais pobres, justamente aqueles que sustentam os seus pequenos e médios negócios, muitos da classe média tendem a falir. 

É o exemplo do salão onde corto meu cabelo. Há pouco mais de dois anos se via um movimento de clientes, extraordinário. As mulheres, por serem mais demorados seus atendimentos, precisavam marcar horário, tamanho era o número de clientes do salão. Havia oito a dez funcionários para atender a clientela. Tinha até recepcionista. 

Sem motivo algum, já que o salão estava indo de vento em popa, o dono, enquanto trabalhava, não se cansava de criticar Bolsa Família, Mais Médicos, Cotas, Minha Casa Minha Vida, Farmácia Popular e qualquer outro programa ou proposta do governo petralha. 

Dizia que eram programas populistas e uma forma de se eternizar no poder. Se mostrava como um exemplo de sucesso; e "que as pessoas deveriam ir à luta, pegar uma vara e ir pescar o próprio peixe. Que o seu salão fazia sucesso pelo seu próprio esforço, talento profissional e dedicação". Longe dele imaginar que tudo estava indo MUITO BEM, devido às políticas públicas desse mesmo governo que ele criticava e perseguia. Ele não fazia ideia que, para o sucesso de seu negócio, é de suma importância que haja harmonia econômica da sociedade. 

Hoje o salão está às moscas! Em nenhum horário que chego, para cortar meu cabelo, encontro filas. 

Fora o dono, restou de funcionário apenas um, seu próprio filho. 

Ao contribuir com a perseguição ao governo petista e seus programas sociais, o dono do salão, assim como muitos outros pequenos e médios empresários, contribuiu para a desarmonização econômica da sociedade. 

A mãe, que era assistida pelo Mais Médico, precisou gastar o dinheiro que seria para fazer alisamento no cabelo, num consultório médico particular. Um jovem negro que passou a pagar seu curso na Universidade pública, decidiu não ir mais cortar o cabelo três vezes ao mês. Com a perda do Bolsa Família, Doma Maria não terá dinheiro para fazer suas unhas. 

A cadeia de consumo foi destruída com o Golpe de 2016. Esse golpe, que iniciou lá trás, nas manifestações de junho de 2013, passou a ter corpo após a derrota de um senador ladrão, inimigo da pátria e da Democracia do Brasil. 

Os Pobres de Direita "empregadores", precisam entender que o grande impulsionador dos negócios nos bairros e pequenos centros, são os mais pobres. Lula da Silva com sua política "populista" acertou em dividir o bolo com as camadas mais pobres. Ele não só modificou paradigmas sociais com a ascensão de pobres a camadas acima, como assegurou o fortalecimento dos micros, pequenos e médios negócios, como salões de beleza, farmácias, botecos, bazares, etc. 

Coloquem o dinheiro de volta nas mãos daqueles que se encontram na base da pirâmide e vejam a  harmonia econômica da sociedade outra vez.

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