quinta-feira, 20 de junho de 2013

3,20 Não! Mas, o que diz a voz que vem das ruas?


É possível identificar quatro recados vindos das manifestações e os destinatários:

   1- A classe política.

Durante anos, a sociedade vem sendo bombardeada pela imprensa, com manchetes culpando o governo federal pela corrupção no país. Desde a redemocratização, os holofotes direcionam suas luzes para o Planalto, na tentativa de expor as mazelas do Brasil, o desvio de dinheiro público, toda a corrupção a partir do governo federal.  As manifestações vêm dizer que o povo sabe e não suporta mais ser enganado. Sabemos que a corrupção começa bem aqui! Bem próximo de nós. Na Câmara de Vereadores e Prefeituras de nossas cidades. O movimento apartidário das ruas empurrou na parede toda a classe política, em especial os executivos municipais e estaduais, as casas legislativas das três esferas governamentais. O desgaste das instituições públicas, devido à letargia, à falta de compromisso dos legisladores e ao grande desvio de dinheiro público realizado por esses políticos, levou a manifestação a colocá-los como principais agentes da indignação do movimento. Todo problema do país, seja o menor ou o maior, passa pela falta de responsabilidade dos políticos brasileiros. Atentos aos últimos acontecimentos, grande parte dos manifestantes entende que não basta culpar o governo federal. Medidas que visam melhorar a vida da população, são enviadas ao Congresso pelo governo federal e muitos congressistas votam contra. É o caso da MP dos portos e da redução da conta de energia. 

2 - A polícia

Os organismos ligados à segurança pública precisam pôr em prática uma nova forma de abordagem policial. O ódio sem limites, por parte de alguns membros do movimento contra policiais, mostra o descontentamento por essa classe de trabalhadores públicos. Isso tem a ver com a onda de repressão sofrida por jovens, cometidos por policiais que não têm nenhuma condição de exercer a função. Os ataques a policiais mostra um sentimento de “revanche” da sociedade. Na verdade, a polícia brasileira tem provocado barbáries. Pessoas estão sendo presas injustamente, jovens sendo espancados e muitas vezes assassinados por policiais. E aí, quando mais se precisa da autoridade policial, ela é encarada como um inimigo que se deve combater. Esse espírito de vingança, por parte de alguns manifestantes, é algo que preocupa e que deve ser analisado, principalmente pelas corporações. 

3- A imprensa

Setores da imprensa vêm se impondo na sociedade como se governasse o país. E pior ainda, mantêm uma relação com o seu público, como se esse fosse um bando de alienados que cumprem a cartilha do consumo que os barões da mídia determinam. O Brasil tem uma imprensa que insiste em ser um partido político. Por esse motivo, passou a ser desacreditada e seus profissionais agredidos pelos manifestantes. A revolta é tanta com esse setor que cartazes pediam, entre outras coisas, a regulamentação da mídia. A relação escusa entre “formadores de opinião” da Grande Imprensa com políticos, ministros, bicheiros e empresários, levou a imprensa a estar no meio do olho do furacão. Na verdade, os barões da mídia já vinham sentindo no bolso a falta de apoio popular às “sandices” impostas em seus editoriais de jornais e revistas. Agora, depois desse divisor de águas, para seu próprio bem, seria bom voltar às suas funções normais. Imprensa deve ser imprensa! Ela não deve querer ferir diuturnamente a democracia. Foi por isso também que o povo cansou! A corda esticada partiu! Os formadores de opinião, que destilam seus venenos todos os dias, sem nenhum respeito a seu público, vão precisar repensar o que estão dizendo. Caso contrário, seguirão/continuarão no “limbo” da sociedade.

4- Empresários -  principalmente do setor de transporte e bancário.

As manifestações nos mostra que a população está indignada com o setor financeiro, principalmente com os empresários ligados a bancos e ao transporte de ônibus. Os ataques a esses setores se fazem com uma fúria impressionante. A quebra de ônibus e caixas eletrônicos, vem com a ideia de produzir prejuízo ao empresário. A sociedade sabe que o setor financeiro é, de longe, o que mais ganha dinheiro no Brasil. Impossível não se indignar ao lembrar que os mesmos mil reais, colocados na poupança, não recebem o mesmo valor que os mil reais solicitados em um empréstimo. Descobri que contribuo com 70% no contrato da concessão dos transportes, enquanto a prefeitura entra com 20% e o empresário com apenas 10%. 

São essas as vozes que estão vindo das ruas e que, certamente, a sociedade não poderá mais viver sem que lhes sejam ouvidas. Os políticos, a polícia, a imprensa e os empresários, deverão fazer uma grande análise de tudo isso que estamos vivendo. Porque a sociedade, pelo que parece, já fez a sua análise!
   

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