...traz para o debate na sociedade brasileira, um assunto que deveria ser prioridade: o que fazer com os ex-detentos.
A sociedade fecha os olhos para uma realidade que aflige a todos nós. Muitos dos ex-detentos que conseguem a liberdade, depois de pagar sua dívida com a justiça, retornam ao mundo do crime, também(!), por não encontrar apoio da sociedade no processo de reeducação social.
As portas, todas elas, sejam na iniciativa privada ou do governo, geralmente estão fechadas para essa parcela de cidadão brasileiros.
Não questiono aqui o crime cometido pelo goleiro Bruno, do "Flamengo". Não me cabe julgar aquilo que a própria justiça foi incapaz de esclarecer. O que precisamos entender é que o preso cumpriu, durante um certo período carcerário, aquilo que lei determinou que ele cumprisse.
O magistrado, Marco Aurélio Melo, não agiu com bondade ou amizade ao criminoso, ao determinar a soltura do Bruno.
Ele fez o que a lei determina.
Tenho acompanhado as críticas sobre esse caso nas redes sociais. Desde a decisão do magistrado, a contratação pelo Boa Esporte e principalmente a relação de empatia que alguns poucos têm dado ao Bruno por meio de pedido de autógrafos e selfies.
Façamos uma reflexão sobre tudo isso. O que seria do Bruno se não aparecesse quem lhe desse uma oportunidade?
Muitos dirão: isso não me interessa! Ou: eu não tenho nada a ver com isso! E ainda: isso é um problema dele!
Eu discordo que seja um problema dele. E acredito que todos nós temos a ver com isso sim. Por mais que eu odeie o criminoso, é salutar tirá-lo do crime. Pelo bem da minha família, dos meus amigos, da comunidade em que vivo.
Por isso deveria ser de interesse de cada um de nós.
Vivemos o tormento diário da falta de segurança. Temos um sistema carcerário falido, que não disciplina nenhum preso. Ao contrário, perpetua a ação criminosa na pessoa dos detentos.
Milhares de homens e mulheres que recebem o alvará de soltura, todos os anos, retornam ao crime por não ter encontrado um "Boa Esporte" que lhe dê a mão.
Nós estamos criando "criaturas" que estão entregando sua vida inteira ao crime.
Bruno teve sorte, mas muitos outros ex-detentos não!
E muitos deles depois de baterem em várias portas, sem receber a devida atenção, sem que alguém lhe estendam a mão, voltarão ao mundo do crime. Dessa vez, muito mais voraz!
Antes que me acusem de querer defender assassinos, não comungo atitudes criminosas. Nada justifica tirar a vida de alguém; roubar, matar, enganar ou destruir. O crime, seja ele qual for, não cabe em nenhuma sociedade civilizada. Por outro lado, nós enquanto sociedade, precisamos discutir uma saída para reintegrar os ex detentos nessa mesma sociedade que vivemos.
Não é apenas uma questão humana, mas uma necessidade para o bem de todos nós.
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