quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A carta, aberta, de Paulo Nogueira a Aécio.

Aécio fez algo terrível para sua imagem. na verdade, mais uma ação desastrosa. Processar 66 twiteiros, se dizendo perseguido por eles, foi um tremendo tiro no pé.

Primeiro, quem hoje não é perseguido/seguido na rede de computadores, ou está morto ou não utiliza a Web. Depois, um homem público como Aécio, com um passado sombrio, um presente que dá nojo e um futuro incerto, querer que ninguém fale mal dele...

Aécio governou o estado de Minas escondendo dos mineiros fatos do interesse deles. Tendo na sua mão a justiça e a procuradoria do estado, fez e desfez como quis. Mandou e desmandou ao seu bel prazer, juntamente com os seus e a sua irmã, que age com mão de ferro contra todos que se puserem contra seus projetos.

Aécio inventou um tal Choque de Gestão, quando governou Minas, que é o que se pode chamar de DESGOVERNO.

Existe muita coisa escondida em Minas que o resto do Brasil não sabe. Tem fatos que estão sendo esclarecidos agora, na campanha eleitoral, que o povo de Minas está boquiaberto. É tanto que o Aécio não vai se eleger presidente, nem no seu estado.

Se a mídia conservadora, quem deveria ser a responsável de divulgar, não divulga! cabe aos blogueiros sujos essa sagaz missão. Sagaz por ser, certamente, alvo de pressão e processos judiciais que chegam a levar pessoas a prisão. É o caso de um Jornalista e um Doleiro, que estão presos, há mais de um ano, por terem ousado divulgar/acusar o reinado dos Neves.

Paulo Nogueira respondeu ao Aécio, como só ele sabe fazer. Que bom que a carta foi aberta. Assim todos nós brasileiros, começamos a ter uma ideia da visão que tem o presidenciável, queridinho da mídia brasileira, sobre a LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

Liberdade de expressão para eles significa que só eles, apenas eles, podem falar o que bem entender. Quanto a nós...

 Carta aberta a Aécio Neves

 Paulo Nogueira (DCM)

Caro Aécio: qual é seu conceito de liberdade de expressão?
Pergunto isso porque fui surpreendido com uma notificação judicial sua. Soube depois que outros 65 internautas tiveram a mesma surpresa desagradável.
O DCM é acusado de ser um robô ou, o que não melhora muito a situação, “um grupo de pessoas remuneradas para veicular conteúdos ilícitos na internet.”
Primeiro, e antes de tudo, isto configura calúnia.
Somos, como bem sabem nossos 2,5 milhões de leitores únicos por mês, um site de notícias e análises independente e apartidário. O apartidarismo e a independência inexpugnáveis explicam por que crescemos mais de 40 vezes em 18 meses de existência.
Jornalismo, quando se mistura a militância partidária, deixa de ser jornalismo. Essa convicção está na raiz do jornalismo do DCM.
Nossa causa maior é um “Brasil escandinavo”, como gosto de dizer e repetir. Um país em que ninguém seja melhor ou pior que ninguém em razão de sua conta bancária.
É certo que, dentro dessa visão do mundo, entendo que o senhor representa um brutal atraso.
O PSDB, no qual votei várias vezes, lamentavelmente deu nos últimos anos uma guinada profunda rumo à direita e se transformou numa nova UDN.
Hoje, o PSDB simboliza um Brasil abjetamente iníquo. Os privilegiados estão todos a seu lado nestas eleições, e não por acaso.
Caro candidato: nunca vi o senhor, ou algum outro líder tucano, se insurgir contra o mal maior do Brasil – a desigualdade.
Nossos problemas com o senhor residem apenas no campo das ideias.
Não fabricamos fatos, não inventamos coisas que o constranjam, porque não é este o tipo de jornalismo que praticamos.
Mais que isso: não fazemos acusações levianas e irresponsáveis como as que o senhor fez contra nós.
Se condenamos coisas como o aeroporto de Cláudio é porque entendemos que elas são a negação do “Brasil escandinavo” pelo qual tanto nos batemos.
Não admiro sua postura com frequência, reconheço. No debate do SBT, quando um jornalista lhe perguntou sobre a visão de ética tucana depois de citar escândalos como o do Metrô de São Paulo e o Mensalão mineiro, o senhor disse que vivemos num estado de direito.
Ninguém é culpado antes que se apurem os fatos, o senhor afirmou. Perfeito.
Mas poucos dias depois, quando começou a circular uma lista de pessoas citadas por um ex-diretor da Petrobras, o senhor se apressou em fazer uma condenação ampla, geral e irrestrita.
“É um novo Mensalão”, o senhor decretou. Estado de direito, portanto, é para o senhor e os seus amigos.
Para os demais, o opróbrio imediato, a humilhação instantânea.
Notemos também que o senhor prega a meritocracia ao mesmo tempo em que sua irmã ocupa um posto nobre no governo de Minas, pago pelo dinheiro do contribuinte.
Vários relatos contam a dificuldade de fazer jornalismo independente em Minas.
Isso ficou notavelmente claro para mim quando vi a sua notificação judicial contra nós.
Jornalismo bom para o senhor, aparentemente, é o jornalismo que o aplaude.
Fico pensando como seria complicado, para os jornalistas independentes, conviverem com o senhor na presidência.
Felizmente, é uma hipótese de chance virtualmente equivalente a zero.
Por ora, é só.
Provavelmente voltarei a escrever para o senhor assim que ficar mais clara sua ação judicial.
Grato pela atenção.
Paulo Nogueira, diretor editorial do DCM
  

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