sexta-feira, 11 de abril de 2014

Abuso de autoridade, descontrole policial, vergonha pública e descaso social.

Esse caso da mulher que foi espancada pelo policial por não pagar a passagem de ônibus, aconteceu em Recife – PE. Estado aclamado pelo ex-governador, como um exemplo de segurança pública. O programa Pacto pela Vida, tão alardeado pela imprensa local, que faz coro com o discurso do presidenciável, é na verdade uma plataforma política cheia de falhas que não diminuiu em nada a sensação de insegurança no Estado. Quando não são os bandidos a polícia dá um jeito de agir como agente repressor e inimigo do povo.

Mas não é sobre os programas “exitosos” do ex-governador de Pernambuco que pretendo tratar nesse texto. Quero me basear na questão principal que deu margem a esse crime hediondo provocado por um policial militar do estado de Pernambuco.

Um serviço público de concessão do uso da linha de ônibus que, todos sabem, já deveria está sendo posto em prática sua gratuidade desde as manifestações de junho de 2013. Se não pra todos, imediatamente, mas pelo menos para uma parcela significativa da sociedade. Desempregados, trabalhadores que recebem até um salário mínimo, donas de casa, estudantes, profissionais da área de segurança e da saúde, entre outros. E o que temos é essa monstruosidade. Para defender R$: 2,15 do patrimônio de um dos barões do transporte público, cobrador e motorista acionam um policial sem controle emocional e faz com que, uma brasileira tenha que passar por um vexame desses, simplesmente porque não tem dinheiro (R$: 2,15) para pagar a passagem. Isso é no mínimo o cúmulo do descaso social.

Engana-se quem acha que esse caso seja um caso isolado. Aqui, no Grande Recife, é comum pai e mãe de família, trabalhadores, cidadãos, serem agredidos por motoristas e cobradores. É comum o uso da força e do constrangimento, praticado por profissionais das empresas de ônibus, contra passageiros.

Enviei há quase dois meses ao Grande Recife Consorcio de Transporte, órgão do Estado que administra o transporte público da região metropolitana do Recife, e-mail questionando a falta de civilidade, respeito e paciência, de muitos cobradores e motoristas de ônibus que circulam na cidade. É mais fácil você enviar um e-mail ao Papa Francisco e ele responder que aos órgãos públicos do Estado de Pernambuco. Os “milhares” de funcionários do Grande Recife Consorcio de Transporte, muitos deles ocupando cargos comissionados de altos salários, não tem tempo para responder e-mail de um cidadão recifense.

Outro dia um cobrador se dirigiu a uma passageira, que lhe havia feito uma pergunta, dizendo-lhe que não trabalha de recepcionista para ficar dando informação, que era cobrador, que "a senhora antes de sair de casa deveria saber o ônibus que pega". Isso de forma grosseira e aos berros! O mesmo aconteceu com o motorista que só faltou chamar uma senhora de “arroz doce”, porque de tudo que foi nome feio, ele esbravejou contra a passageira.

Já vi passageiros serem obrigados a descer do ônibus, ameaçados de ter que se entender com a polícia, simplesmente porque só tinha cédulas de real maiores que dez reais. Quem entrar no ônibus com cédulas de 20, 50 ou 100 reais, não viaja. É obrigado a descer.

Algo muito terrível está acontecendo com esses profissionais. A carga de trabalho e as más condições de trabalho estão afetando o emocional deles. O total descontrole com o público é visível. E os grandes culpados por isso são, sem sombra de dúvidas, os gestores do serviço de transporte. 

O policial errou isso é certo. Merece ser expulso da polícia e responder processo de agressão. Mas ele não foi o único que errou. Os empresários de ônibus, a empresa que administra o transporte urbano da cidade, o governo do Estado e principalmente o motorista e o cobrador.

Por que será que ninguém aparece pra cobrar a passagem quando torcidas organizadas invadem os ônibus, vandalizam com o transporte, depredam o patrimônio das empresas de ônibus, “tiram onda” com a cara dos senhores cobradores e motoristas?

Por que será?

Por que será que não aparece ninguém pra cobrar passagens desses caras, hiem?!
Cadê o cobrador?
Cadê o motorista?

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