Você já se imaginou fazendo xixi ou cocô na rua?
Pois é!
Milhares de brasileiros têm sido obrigados a fazer suas necessidades
fisiológicas e fundamentais em becos e ruelas de nossas cidades. A sociedade,
mesmo se sentindo agredida, fecha os olhos para um problema que vem somente
aumentando nos grandes centros urbanos.
A existência de moradores de rua não é
um problema unicamente brasileiro. Nos EUA e na Europa, tem sido comum o aparecimento
de pessoas vítimas da crise econômica que procuram nas ruas uma maneira de
sobreviver.
Aqui no Brasil, a leitura que fazemos sobre esse assunto é de que os governos municipais, muitos deles, não estão nem um pouco preocupados em solucionar esse problema. Famílias inteiras estão morando nas ruas, sem que prefeitos e vereadores notem. É nítida a falta de ações do Estado que possam acabar com essa humilhação que brasileiros têm passado todos os dias.
Aqui em Recife, por exemplo, a imagem mais comum vista no horário da manhã, nas paradas de ônibus das grandes avenidas, nas ruas e praças do centro da cidade, embaixo de marquises e pontes, são famílias dormindo em colchões. Dá pra ver o momento em que alguns deles estão despertando para um novo dia.
É vergonhoso e inaceitável vermos pessoas submetidas ao
total descaso social. Morando em praças, dormindo embaixo de pontes e viadutos,
mendigando comida nas portas dos restaurantes e bares, tomando banho e lavando
suas roupas nos espelhos d’água das praças e dos monumentos públicos.
Entre esses homens e mulheres, se vê inclusive crianças recém-nascidas
ou em fase escolar. Se a lei que assegura que TODAS AS CRIANÇAS DEVEM IR PARA A ESCOLA fosse
levada ao pé da letra, levaria também muitos gestores para a cadeia, pelo não
cumprimento da lei.
São nessas horas que nos perguntamos: cadê o prefeito? Nessa
cidade não tem vereadores? Por que o Ministério Público (MP) assiste a tudo
isso como se não tivesse nada a ver com o problema?
Dizem que o MP, nos termos da lei constitucional, é o
defensor da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis. Diante dessa afirmativa constitucional, chegamos a
conclusão de que, em referência a essa questão, existe uma total omissão por parte
do órgão que deveria representar esses homens e mulheres, moradores de rua dos
grandes centros sociais brasileiros.
Aqui cabe um parágrafo especial: é muito fácil entender o porquê do desvio de função do órgão
que existe, supostamente, para defender a sociedade. É que muitos Ministérios
Públicos se transformaram em secretarias dos governos estaduais. Eles abdicaram
de sua autonomia e passaram a ser uma extensão do gabinete dos executivos
estaduais e, em alguns casos, também dos executivos municipais. Promotores só agem onde o governador mandar!
Dilma Rousseff solicitou aos prefeitos que identificassem a
população considerada no nível social abaixo da linha da pobreza. Pelo que
parece, a presidenta terá que fazer, ela mesma, esse levantamento. Não há, repito, por
parte das prefeituras, interesse em resolver esse problema. E é bom lembrar, em letras grandes e em negrito:
Esse é um problema de responsabilidade do prefeito!
Esse texto não tratou dos casos de viciados em drogas,
que também perambulam pelas ruas. O texto traz para reflexão os milhares de
moradores de rua, que por razões diversas, se encontram numa situação degradante.
Não usam drogas, não são beberrões, não são arruaceiros, mas estão a
depender de uma ajuda do poder público. Precisamos entender por que esses brasileiros não estão merecendo
atenção dos gestores municipais? Afinal, prefeitos e vereadores não
são eleitos para cuidar dos munícipes?
Uma sociedade que não aceita que cães e gatos sujem as ruas
e praças, e acha normal que seres humanos não tenham à sua disposição o mínimo para
manutenção de sua cidadania, chega a ser um cruel contrassenso.




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