A presidente Dilma Rousseff tem encontrado problemas na
condução dos projetos que precisam ser votados no Congresso Nacional. O estilo
duro da presidente leva deputados e senadores, acostumados com práticas
antidemocráticas e não muito civilizadas, a não votarem as propostas importantes para
melhorar a vida do povo brasileiro. O Congresso há muito tempo, se transformou
num enorme balcão de negócios. Dezenas de empresários e lobistas circulam
livremente no plenário, tratando de questões estritamente de interesses
particulares com os senhores parlamentares.
Ao longo dos anos, verificou-se a falta de compromisso por
parte dos parlamentares, no que se refere as necessidades e
solicitações do povo. As casas legislativas, de todas as esferas
governamentais, investem mais em causas próprias, dos seus membros, apadrinhados
e amigos empresários. Só pra se ter uma ideia, segundo a Revista Isto É, dessa semana, o custo mensal de um deputado em
1986 equivalia a 33 salários mínimos. Hoje são precisos 203 salários mínimos mensais,
para manter cada parlamentar no Congresso Nacional na “árdua” missão de
legislar suas próprias causas.
Há problemas nos poderes executivos e judiciários por todo o
país. Mas, os grandes responsáveis pelas mazelas da corrupção no Brasil estão nas
casas legislativas.
Acostumados com a política do “toma lá dá cá”, parlamentares
tem pressionado a presidenta Dilma, tomando posição contrária as solicitações
enviadas pelo executivo. Um exemplo, mais que oportuno lembrar, foi a votação
da PEC dos portos. Mesmo sendo uma proposta, dita por vários especialistas,
capaz de mudar a caótica situação dos portos brasileiros, melhorando o fluxo de
mercadorias, aumentando a capacidade de logística do país, mesmo com todas as
vantagens da Proposta de Emenda Constitucional, vários deputados e senadores
foram contrários a proposta. Partidos políticos, inteiros, votaram contra.
O caso da redução da conta de luz foi outro momento emblemático
na relação entre a presidente e o Congresso Nacional. E que devemos levar em conta nas próximas eleições. Partidos políticos,
governadores de estado e parlamentares, foram contra a redução da conta de
energia, em decorrência de interesses de contratos celebrados a dez ou quinze
anos, com concessionárias de energias, os quais em nada favoreciam o país e o povo brasileiro.
Pra muitos
políticos, interesses de empresários se sobressaem aos interesses dos
eleitores, do povo e do Brasil.
Agora estamos diante da negação de alguns partidos e
políticos ao projeto “Mais Médicos”. O mesmo discurso proferido contra o ENEM,
as Cotas Universitárias, o Bolsa Família, estão sendo novamente inflamados na
tribuna do Senado e da Câmara. Políticos que nunca tiveram o incômodo de
precisar de um atendimento médico no SUS, nunca precisaram ter que esperar seis
meses ou um ano, para ser atendido num posto de saúde ou hospital público, são
esses mesmos políticos que se dizem contra a proposta do Mais Médicos.
Outro assunto que tem sido alvo dos parlamentares é a
necessidade da redução dos 39 ministérios de Dilma. Sobre esse assunto eu já
escrevi em:
“... Microempresa, Cidades, Política para as
mulheres, Igualdade racial, Pesca e aqüicultura, Desenvolvimento agrário e
Aviação civil. Todas elas estão diretamente ligadas a uma parcela da sociedade
que fora, durante séculos, excluída dos projetos do Brasil. Todas as novas
secretarias estão ligadas a classe pobre que, nos últimos dez anos, ascendeu à
classe média...”
Cada país tem o Congresso que merece. No caso do Brasil, a
oposição ferrenha ao governo Dilma, está dentro do congresso e principalmente
fora dele. Uma parcela significante da imprensa conservadora, faz jus a definição
de partido de imprensa golpista (PIG), tão escancaradamente propagado pela
blogosfera.
Como se não bastasse tudo isso, ainda tem o “fogo amigo!”. Há ministros,
deputados e senadores da própria base governista, até mesmo do próprio PT, que
insistem em fazer pose para as câmeras dessa mesma imprensa, que sofre
de dupla personalidade (imprensa e partido político). Essa busca pelo microfone do
PIG, travada por muitos parlamentares, faz com que homens públicos se percam ainda mais, se distanciando do
objetivo pelo qual foi eleito.
O governador do Rio de Janeiro, por exemplo, está pagando um preço talvez
maior do que ele deva, por ter tentado agradar essa mesma imprensa. Sergio
Cabral andava muito preocupado sobre “como a imprensa brasileira lhe via”. O
resultado é que não há um dia sequer, em que o governador não seja enxovalhado pela imprensa que ele quis agradar. Quer
saber: bem feito!
Político não tem que ficar querendo agradar a imprensa! Não tem que está sendo “pau mandado” de empresário, lobista, bicheiro, bandido,
vigarista ou vagabundos “colunistas” de revistas e jornais! Político tem que
ficar atento aos clamores das ruas, aos pedidos do povo, as necessidades do
país. É nesse ponto, em que Dilma se diferencia da maioria dos políticos em
atividade.
Dilma não tem associação com o mal feito, com a corrupção,
com o que favoreça mais/apenas os ricos. Dilma, pelo que parece, não está preocupada
em agradar a imprensa. O compromisso do governo Dilma é, principalmente, com a
diminuição do grande hiato da desigualdade entre os mais ricos e os mais
pobres. Talvez seja por isso, a grande perseguição que ela tem sido vítima e a
quebra do compromisso com o povo e com o país, ao qual alguns políticos e até
partidos políticos, tem demonstrado.
Um presidente deve ser punido por querer melhorar a vida do seu povo, principalmente, dos
mais pobres?
Essa aliás, é a marca dos anos de governo do PT. Desde a gestão
de Lula em 2003, a maioria das PECs, projetos, ações governamentais, tiveram
como “pano de fundo” o objetivo claro em atender os mais necessitados. É claro que existe políticos, empresários colunistas, que "não sabem" da existência de pobres no Brasil. Muitos desconhecem essa realidade! Mas, Dilma, não.Pra ela, pelo que demonstra, isso é mais
que um compromisso! Esse sentimento de Brasil, a capacidade de entender as
necessidades e a empatia com o povo, são traços nítidos da presidente Dilma,
que infelizmente não contagia a todos os políticos do Congresso Nacional.