Se formos analisar as bases que fundamentaram o golpe de 64,
poderíamos ser surpreendidos pela possibilidade de aquelas mesmas forças que
produziram o mais sangrento período da nossa história estarem presentes no
cenário político e social dos dias atuais.
Senão, vejamos:
Houve, nos meses que antecederam ao golpe de 64, uma forte onda
pessimista contra o governo e contra o país. A imprensa daquela época propagava matérias que denotavam o “caos” da sociedade brasileira. Jornalistas
(corvos) dos grandes jornais do país se revezavam na produção de artigos com o intuito de ativar a ira do povo contra o presidente João Goulart.
É espantoso
constatar que os barões da mídia dos anos 60 são os mesmos de hoje.
Muitos dos “formadores de opinião” que apoiaram o golpe. estão desempenhando a
mesma tarefa hoje, em seus blogs e colunas de jornais e revistas.
Havia também uma classe burguesa que apoiava o golpe por estarem,
entre outras coisas, insatisfeitos com a reforma agrária que Jango havia posto
em prática, numa tentativa de desenvolver o país a partir do campo. Dividir terra com os mais pobres não era algo
bem-visto pelos afortunados da época. É essa mesma classe burguesa que hoje
critica a legislação do trabalho doméstico, a presença de pobres viajando de
avião, o acesso do filho do pedreiro e do porteiro à Universidade, a ascensão dos mais pobres. É a mesma
classe burguesa dos anos 60. Talvez ela esteja hoje mais cretina, soberba e radical, mas é a mesma!
Existia o discurso da direita acusando o presidente Goulart,
da esquerda, de querer dar um golpe, implantando um regime totalitário comunista
no País. Igualzinho a hoje! Essa ideia é amplamente vinculada nos jornais e redes sociais pela direita nos dias de hoje. Inflamando
na sociedade que o PT deseja se perpetuar no poder.
Sempre que a direita não
tem como vencer, pelo voto, ela tenta confundir a opinião pública e respaldar-se
de suas ações golpistas, apoiada, como sempre, pela imprensa [direita] conservadora.
Nos anos 60, existiam os institutos de pesquisas que
propagavam os baixos números do país. Desde os econômicos até a aprovação do
governo. Não adiantava onde o Brasil se saia melhor. Para eles, o que valia era sempre o pior do Brasil! Assim como hoje. E hoje ainda tem a agência de risco S&P.
A igreja teve um papel importante na efetivação do golpe. Representantes da igreja se colocaram contra o governo e contra o
Brasil e apoiaram o terror. Embora, por outro lado, muitos outros, também ligados à igreja, ficaram ao lado dos oprimidos. Hoje não seria diferente. Os malafaias, macedos e felicianos estão sempre de plantão preparados para dar sua contribuição ao golpe.
Havia a presença americana no nosso país, chefiando e
manobrando todos os atos dos inimigos internos do Brasil. Não existisse o apoio
do governo americano, não existiria o golpe. Quanto a hoje, quem duvida que
políticos, gente ligada à elite fascista e imprensa do Brasil, não continuam como paus-mandados dos
americanos?
Havia nos anos 60, sobretudo, uma parcela da sociedade que
se deixou levar pelas informações que lhe chegavam sobre o governo. Institutos
como o IPES, mantidos pelo governo americano e governos de direita dos estados
brasileiros (a exemplo: São Paulo e Minas Gerais), propagaram, juntamente com nossa
imprensa “terrorista”, as mais falaciosas notícias sobre Jango e o seu governo.
Essa parcela da sociedade, mais necessitada, foi a que mais sofreu com os 21
anos de ditadura. Muitos desses, como hoje, alienados por uma imprensa medíocre
que não existe para o bem do Brasil, estão sendo vitimados pelo mesmo grupo de
60.
Pelo jeito, como se vê, não é assim tão difícil não
haver mais Golpe no Brasil. O que falta hoje, na verdade, é apenas um Castelo
Branco.
Pelo menos, por enquanto!
Cara, este texto está muito bom! Compartilho de muito da sua reflexão. A história se repete. Parece até o mesmo cenário. Continue com o blog! Saudações da Bahia!
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